Marco Galinha, presidente do conselho de administração da Global Media, avançou com uma providência cautelar a semana passada, segundo apurou o Expresso. Galinha tem 17,59% do capital da empresa por via indireta.
Marco Galinha avançou com um procedimento cautelar de arresto para garantir os seus direitos na Global Media e, caso seja aprovado, pode vir a suspender a administração do grupo e, consequentemente, como explica o Expresso, pode suspender a gestão de José Paulo Fafe.
Galinha cedeu a gestão executiva da Global Media a Fafe em novembro de 2023 e essa mudança resultou no investimento do World Opportunity Fund no grupo, ao qual Galinha vendeu a maioria do capital.
Marco Galinha, que foi a cabeça do grupo durante os últimos anos, nega que o grupo estivesse numa situação financeira grave, algo que foi verificado pelo contrário por Fafe no fim de novembro.
O investimento, até agora
Na audição parlamentar decorrida na terça-feira, 9 de janeiro, o presidente executivo (CEO) da Global Media (GMG), José Paulo Fafe, afirmou que a empresa tem um passivo acumulado de quase 50 milhões de euros, "tem dívidas a fornecedores que não estavam na 'due diligence' [investigação] de cinco milhões de euros, um grupo que vai fechar o ano" com prejuízos de "sete milhões de euros".
Esta quinta-feira, em comunicado, Marco Galinha, que também foi ouvido no mesmo dia pela comissão parlamentar de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, refere que o grupo não tem aquele montante de passivo e mantém que o World Opportunity Fund - WOF está em incumprimento.
Em cerca de três anos, Marco Galinha investiu 16 milhões de euros na GMG "convicto da excelência daquele projeto e da sua importância para o fortalecimento da comunicação social e da própria língua portuguesa".
Marco Galinha propôs ao fundo WOF comprar o JN e O Jogo por cerca de 12 milhões de euros, assumindo dentro deste valor todas as dívidas fiscais, de acordo com fontes contactadas pela Lusa.
Há ainda uma proposta com um grupo de empresários portugueses para um aumento de capital - segundo o Jornal Económico de cinco milhões para estabilizar a tesouraria da empresa, em troca de uma participação de 51%.
Em 21 de setembro, o World Opportunity Fund (WOF) adquiriu uma participação de 51% na empresa Páginas Civilizadas, proprietária direta da Global Media, ficando com 25,628% de participação social e dos direitos de voto na Global Media.
O administrador “fantasma”?
O Grupo Global Media é controlado por um fundo de investimento norte-americano registado num paraíso fiscal.
No final de julho deste ano, o fundo de investimento World Opportunity Fund, com sede nas Bahamas, um chamado "paraíso fiscal", passou a deter 51% do capital social da Páginas Civilizadas, a qual controla, direta e indiretamente, 50,25% da Global Media e 22,35% da agência de notícias Lusa.
"Com a formalização da venda, a gestão executiva do GMG foi entregue a novos administradores e ao novo investidor, não tendo os signatários qualquer responsabilidade nas decisões executivas, entretanto tomadas pela nova administração", sustentam Marco Galinha, Kevin Ho, José Pedro Soeiro e Mendes Ferreira.
Já foram pedidas informações adicionais ao procurador daquele fundo pela ERC, para clarificar o nome e a respetiva percentagem de participação dos detentores de unidades no fundo.
Na informação disponibilizada no Portal da Transparência, o fundo identificou como órgãos de administração a sociedade UCAP Bahamas Ltd e o francês Clement Ducasse.