O PCP acusa o Chega de não se preocupar com os CTT porque o partido é financiado pelo grupo Champalimaud, um dos acionistas da empresa. O momento marcou o debate sobre a compra de ações pelo Estado, onde os partidos à direita responsabilizaram Pedro Nuno Santos pelo negócio.
Num debate agendado pelo Chega, quer o partido de André Ventura, como o PSD, aproveitaram a discussão em plenário para trazer não só a compra pelo Estado de 0,24% ações dos CTT como a polémica indemnização à antiga administradora da TAP Alexandra Reis, usando estes e outros temas para criticar o então ministro das Infraestruturas e atual líder do PS, Pedro Nuno Santos.
O presidente do Chega considerou que casos como os CTT, TAP, Efacec ou Novo Banco mostram que "tudo aquilo em que o PS mete a mão inicia um processo imediato de destruição".
Acusando o PS de querer "satisfazer as suas novas clientelas", PCP e BE, Ventura criticou o "velho secretismo socialista", questionando onde estava Pedro Nuno Santos durante este debate, ao qual chegou no final, porque à mesma hora era recebido, enquanto o novo secretário-geral do PS, pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O primeiro pedido de esclarecimento veio do deputado do PCP Bruno Dias, que acusou o Chega de não se preocupar com a situação dos correios, com o mau serviço, com a falta de trabalhadores para não "chatear a família Champalimaud, financiadora do partido".
Pelo BE, Isabel Pires referiu-se à "história de um saque" que foi a privatização dos CTT feita por PSD/CDS-PP, recordando as propostas do partido, do PCP e do PEV apresentadas e chumbadas no parlamento para nacionalizar os correios, mas reiterando que nunca houve acordo para este negócio.
O deputado da IL Carlos Guimarães Pinto deu o exemplo de Espanha e defendeu que, se os CTT se tivessem mantido públicos, "provavelmente hoje os contribuintes estariam a pagar os prejuízos da empresa".
O liberal afirmou que a esquerda teria de justificar aos portugueses a "subida de impostos por uma birra ideológica" e assinalou que "a gestão privada está longe de ser perfeita", mas o regulador deve intervir quando as condições não forem cumpridas.
O deputado único do Livre, Rui Tavares, ironizou que, se fosse pelos argumentos da direita, a compra de "menos de um quarto de 1% dos CTT" poderia ter sido manchete do Avante!, publicação oficial do PCP, como uma "grande vitória", quando constitui algo "ínfimo".
O Livre acusou a direita de querer "embaraçar a esquerda" com este debate, mas recusou que isso tenha acontecido.
Já o PAN, por Inês Sousa Real, considerou que nem PSD/CDS estiveram bem por causa da privatização, nem o PS porque as empresas públicas "não podem ser usadas como moeda de troca", considerando que "uma decisão como esta tem que se pautar pela transparência", o que, alegou, não aconteceu.
O Governo não era obrigado, mas não quis estar presente, e também não vai explicar a compra das ações em comissão. O Parlamento chumbou as audições de Fernando Medina, Catarina Martins e Jerónimo de Sousa, que também tinham sido pedidas pelo Chega.