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PCP votará "a favor de tudo o que seja positivo", mas recusa antecipar cenários

Paulo Raimundo foi questionado se o PCP também está aberto a negociar um acordo com o PS após às legislativas, tal como se comprometeu Mariana Mortágua, e respondeu que “não vale a pena” antecipar cenários antes das eleições.

Paulo Raimundo
Inácio Rosa

Lusa

O secretário-geral do PCP recusou esta sexta-feira antecipar cenários pós-eleitorais, reiterando que a força da CDU é que vai determinar a resposta aos problemas do país, e comprometeu-se a "votar a favor de tudo o que seja positivo".

Em declarações aos jornalistas na Cova da Moura, em Lisboa, Paulo Raimundo foi questionado se o PCP também está aberto a negociar um acordo para uma maioria de esquerda com o PS após às eleições legislativas, tal como se comprometeu a coordenadora do BE, Mariana Mortágua.

Na resposta, Paulo Raimundo considerou que "não vale a pena" estar a fazer "cenários anteriores sem os resultados finais das eleições" e defendeu que os portugueses sabem que o que "decidirá o caminho do país e a resposta aos problemas que as pessoas enfrentam é a força que o PCP e a CDU tiverem no dia 10 de março".

"Aquilo que abrirá um caminho novo a partir do dia 10 de março é a força do PCP e da CDU, porque as pessoas já perceberam que, independentemente daquilo que são hoje as promessas, as intenções, as proclamações, o que faz a diferença na vida delas é o reforço do PCP e da CDU", reforçou.

“Estaremos em todas as batalhas”

Paulo Raimundo sublinhou que toda a gente sabe "que o PCP e a CDU, os seus votos, os seus mandatos, os seus deputados, nunca faltaram para tudo o que fosse positivo, mas também foram os primeiros a fazer frente a tudo o que fosse negativo, independentemente de onde viesse".

"Portanto, estaremos em todas as batalhas, a votar e a intervir, a agir, e a votar a favor de tudo o que seja positivo, mas também não descartamos nenhuma possibilidade de fazer frente a tudo o que seja negativo, venha lá de onde vier", disse.

Questionado se o PCP estaria confortável com um acordo escrito, com medidas concretas para a saúde, habitação ou educação, o líder comunista respondeu que o seu partido está confortável "em dar resposta aos problemas que as pessoas enfrentam".

"Os salários, o acesso à saúde, as questões, da habitação, que são prementes, as respostas aos direitos dos pais e das crianças... Agora, isso só é possível como? Não é possível a partir de acordos escritos ou de intenções. É possível a partir dos votos que cada um tiver", disse.

Falta de clareza?

Interrogado se não considera que deve haver clareza para com os eleitores sobre eventuais cenários pós-eleitorais, Paulo Raimundo respondeu que "não pode haver" mais clareza do que a do PCP.

"Se nós afirmamos que o que vai determinar o rumo do país, as soluções para o país e para a vida de cada um é o reforço do PCP e da CDU, não há mais clareza do que esta, e com mais um acrescento: o que as pessoas sabem é que o PCP e a CDU nunca faltarão a tudo que for positivo e nunca deixará de fazer frente a tudo o que é negativo", disse.

Ações do CTT

Nestas declarações aos jornalistas, Paulo Raimundo foi ainda questionado se o PCP negociou ou não com o Governo, em 2021, a aquisição de ações dos CTT, tendo respondido que "não houve negociações nenhumas" e que "o problema dos CTT é a sua privatização e a continuação da sua privatização".

Paulo Raimundo referiu que os CTT eram uma empresa "que dava lucros e dividendos ao Estado todos anos" e que, agora, quando "se encerram balcões, postos", ninguém "dá um pio sobre essa matéria".

"Vamos ser confrontados daqui a um mês com aumentos de 9,5% do serviço postal e ninguém fez nenhuma reclamação sobre isso. E agora de repente parece que se descobriu aí qualquer coisa... Se não estivéssemos ainda num espírito natalício, diria que é um bocadinho hipócrita", disse.

A coordenadora do BE assumiu hoje o compromisso de, após as legislativas de março, "negociar um acordo de maioria para um programa de Governo" de esquerda que terá que ter medidas concretas para resolver problemas na saúde, educação, habitação ou salários.

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