O pneumologista Agostinho Marques esteve na Edição da Manhã da SIC Notícias e explicou o porquê de as urgências portuguesas estarem, em grande parte, saturadas.
Agostinho Marques começou por reconhecer que as urgências portuguesas atravessam um momento de “grande procura” e constatou que as dificuldades que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) tem sentido “tem que ver com o volume da procura e não, propriamente, com a gravidade da situação clínica”.
Explicou também existe, neste momento, um “grande surto” de doenças respiratórias, sendo que a gripe, refere, representa “cerca de um terço dos casos”.
“As situações mais correntes que nos aparecem são rinofaringites, que são as constipações habituais que não precisariam, em regra, de recorrer a um hospital. Poderiam ser tratadas como são, tradicionalmente, em casa porque são tratadas com paracetamol”, explicitou o especialista.
Centros de saúde “não são uma resposta”
Mas por que razão os doentes continuam a procurar as urgências em situações que não o exigem? Agostinho Marques referiu que quando as pessoas adoecem ficam “inseguras” e “inquietas” e não encontram ajuda com facilidade:
“Os centros de saúde, que seriam a resposta para estas situações de exceção não o são na realidade porque estão desenhados para outro tipo de tarefas. Os médicos das USF’s (Unidades de Saúde Familiar) cumprem os seus deveres com medicina, essencialmente, programada e, portanto, têm pouca maleabilidade para responder a estes surtos”
A fraca resposta dos centros de saúde faz com que os utentes, que “tentam o médico de família e, na melhor das hipóteses, têm uma consulta daqui a alguns dias”, encontrem nas urgências dos hospitais a única “porta aberta”.
Linha SNS 24 deve ser privilegiada
O pneumologista apelou à população para que, em caso de doença respiratória, numa primeira instância, ligue para a Saúde 24, uma linha que tem vindo a ser cada vez mais procurada, reconhece.
Se assim for, assume Agostinho Marques, os hospitais conseguirão “responder aos casos graves com muita facilidade”.
"Apesar deste ruído todo, neste momento, os hospitais, na retaguarda da urgência - nos internamentos, nos cuidados intensivos - não estão sobre stress de maneira nenhuma", sublinhou.