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Mariana Mortágua tem uma "certeza" à direita (e uma crítica à "revolução" do líder do PS)

Em entrevista exclusiva à SIC, a coordenadora do Bloco de Esquerda acusa Pedro Nuno Santos de estar em negação relativamente aos erros da maioria absoluta. Mas, e apesar das críticas ao PS, Mariana Mortágua assume que entendimentos pós-eleitorais têm de ser feitos à esquerda, até porque há desde já uma "certeza": a direita não vai ter uma maioria".

FILIPE AMORIM/Lusa

Hugo Maduro

Francisco Barreto

Fernando Silva

Carlos Craveira

Ana Lemos

Aos 37 anos de idade e 10 de deputada, Mariana Mortágua foi eleita coordenadora do Bloco de Esquerda. Aconteceu em maio deste ano, e antes do que esperava - em março do próximo ano -, vai ter pela frente um desafio, provavelmente o maior até agora: eleições legislativas. Nesta entrevista exclusiva à SIC recusa comprometer-se com resultados, optando por destacar “um objetivo” e uma “certeza”.

Foi o Alentejo que a viu nascer e é lá que ainda hoje passa “muito tempo” com a famílias e os amigos. Conhecida por gostar de “açorda de alho” (ao contrário da irmã", Mariana Mortágua salienta, no início desta conversa com o jornalistas Hugo Maduro, a “maravilha da gastronomia alentejana” que delícias faz com tão pouco.

“Não há nada? Então é pão, água e ervas e à medida que há mais alguma coisa… se há um ovo, vai o ovo, se há bacalhau, vai o bacalhau. É uma gastronomia [a alentejana] feita de um povo pobre que fez maravilhas dos recursos que tinha”.

Encontro com líder do PS pós-eleições?

Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, “o mais importante é a definição das políticas que é feita até lá e o que vai ser possível fazer no dia a seguir às eleições para resolver problemas tão graves como casas para as pessoas viverem” ou acesso aos hospitais. Estas são as duas prioridades da coordenação de Mariana Mortágua.

Após a vitória de Pedro Nuno Santos enviou-lhe, revelou, uma “mensagem de cortesia”, até porque “nunca quis” envolver-se nas eleições do PS. Ainda assim, assume, “se destas eleições internas se afastar a ideia de um bloco central, então é uma boa notícia".

”Falta é saber como o PS vê a maioria absoluta do passado - e ainda não reconheceu os erros"

Geringonça já era?

Aquilo a que o país assistiu em 2015 é “irrepetível”. Mas, sim, foi um acordo estável porque “cumpriu aquilo a que se comprometeu”. Da primeira “à última medida”, os compromissos que ficaram definidos no "acordo escrito” e que juntou PS, Bloco e PCP, foram cumpridos.

Agora, “as condições de 2015 são irrepetíveis”, afirma Mariana Mortágua, sublinhando que o BE tem “uma certeza” e ”um objetivo" quanto ao futuro.

“Não vai haver uma maioria de direita e o objetivo é que no dia a seguir às eleições se constitua uma maioria no Parlamento para fazer o que não foi feito”

Habitação é uma das preocupações

É, sem dúvida, “uma das principais crises” que o país atravessa e Pedro Nuno Santos, que foi ministro precisamente da Habitação, “ainda não compreendeu que é necessário fazer muito diferente do que a maioria absoluta tem feito até agora”.

Na opinião da coordenadora do Bloco, o novo secretário-geral do PS “ainda está em negação relativamente à política da maioria absoluta para a habitação” e “insiste que fez uma revolução quando na verdade o movimento é ao contrário, que faz com que a maior parte das pessoas tenham enormes dificuldades”.

Nem de propósito, nesta entrevista da SIC, um dos prédios devolutos que serviu para um protesto simbólico do BE vai agora, ao fim de anos devoluto, ser transformado num hotel de luxo em pleno coração da cidade de Lisboa.

Protestos pelo clima têm de criar “apoio popular”

A questão é grave e “muitas vezes os responsáveis políticos não querem saber e não olham para ele [para o problema] com a gravidade que deviam porque escolhem o lucro”. Mas também os protestos dos jovens, que “têm o mérito de chamar a atenção para o problema”, podem tomar formas mais ou menos contraproducentes", reconhece.

Ainda assim, vinca, “o importante é que exista uma chamada de atenção e formas de manifestação que criem apoio popular”.

Recuperar o posto de 3.ª força?

A determinação da coordenadora do Bloco não passa por um número específico, mas sim por ter os suficientes para “impedir, por exemplo, novos aumentos de rendas” como aconteceu recentemente.

Um número suficiente é, por isso, “o que for possível e permitir aprovar propostas que determinem soluções para a habitação, para que os alunos possam ter aumentos com todos os professores e de qualidade. (…) O objetivo do BE é poder determinar soluções que interessam para Portugal”.

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