País

"Se desistirmos hoje, provavelmente o Jornal de Notícias vai acabar"

Foi a primeira vez, em mais de 30 anos, que o Jornal de Notícias não chegou às bancas. São 135 anos de história, ameaçados pelo despedimento anunciado de 200 pessoas no Grupo Global Media.

Susana Bastos

Os trabalhadores do Jornal de Notícias estão em greve pelo segundo dia, a contestar o despedimento de 200 jornalistas anunciados pelo Grupo Global Media, que detém o JN e outros órgãos de comunicação social, como o jornal O Jogo e a TSF. Esta manhã concentraram-se junto à Câmara Municipal do Porto, onde entregaram um manifesto ao ministro da Cultura.

“Nós achamos que, num grupo com pouco mais de 500 pessoas, despedir 200 e é uma grande machadada no grupo, é uma grande machadada no Jornal de Notícias, que segundo as primeiras indicações podia perder até 40 jornalistas, que é sensivelmente metade da redação. Nós achamos que é impossível fazer uns jornalismo sem jornalistas", defende um dos membros do Sindicato dos Jornalista, Augusto Correia.

A greve dos trabalhadores do Jornal de Notícias é também um grito de alerta, em defesa do jornalismo das pessoas e da democracia.

O Grupo Global Media é controlado por um fundo de investimento norte-americano registado num paraíso fiscal.

“É preciso que a próxima legislatura, porque nesta já não há tempo, que se se tente perceber de onde vêm estes fundos e que se tente limitar, se for possível, entrada entrada destes fundos na comunicação social. Os próprios políticos estão sempre a dizer que o jornalismo é um pilar da democracia. Pois esse pilar da democracia, pode estar a ser corroído por fundos que nós não sabemos qual a origem”, acrescenta.

No segundo dia de greve, os trabalhadores do JN aproveitaram que o Conselho de Ministros esteve reunido na cidade do Porto para entregarem um manifesto ao Ministro da Cultura.

“Se desistirmos hoje, provavelmente o Jornal de Notícias vai acabar. E nós continuarmos a lutar, mesmo que o jornal não saia dois dias é um pequeno sacrifício, se calhar para os leitores e um grande sacrifício para os jornalistas”

Augusto Correia sublinhou que este “ é uma dor muito grande não ver nosso jornal nas bancas”, mas todos os jornalistas presentes no protesto fazem-no na esperança de garantir que o jornal continue disponível “para os nossos filhos, para os nossos netos e para as gerações futuras.

Últimas