O movimento Greve Climática Estudantil vai, esta sexta-feira, em “visita de estudo” ao Ministério do Ambiente e da Ação Climática com “o intuito de o ocupar”. A manifestação, que começa na largo Camões, é o culminar de uma “onda de ações” contra a utilização de combustíveis fósseis, que decorreu em várias escolas secundárias e universidades.
“Este Ministério representa a inação geral do Governo e de todas as instituições. O sistema fóssil que rege as instituições está a falhar-nos. Não podemos deixar que este sistema que coloca o lucro à frente das pessoas continue a existir impune”, afirma Beatriz Xavier, porta-voz desta manifestação, em comunicado.
No curto percurso entre o largo Camões e o Ministério do Ambiente e da Ação Climática (cerca de 500 metros) ocorreram alguns desacatos e confrontos entre os manifestantes e a polícia. Pelo menos três jovens acabaram por ser detidos pela PSP. Há ainda registo de um ferido.
Os cerca de 50 estudantes que participam neste protesto ignoraram as barreiras físicas, colocadas pelas autoridades, e obrigaram a PSP a criar um cordão humano para impedir a chegada ao Ministério.
Ao mesmo tempo que decorria a “visita de estudo”, um outro grupo de ativistas associados à Greve Climática Estudantil entrou na entrou no Ministério das Infraestruturas e barricou-se.
As ações de protesto decorreram, em simultâneo, em várias instituições de ensino superior, entre elas a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas (FCSH) da Universidade Nova de Lisboa, as Faculdades de Psicologia e de Letras da Universidade de Lisboa, a Universidade de Coimbra. Foram também realizados protestos nas escola secundária Filipa de Lencastre e no Liceu Camões (ambos em Lisboa).
No decurso das ações pelo "fim ao fóssil", nove estudantes foram detidos, dos quais seis participavam na ocupação à FCSH. As detenções ocorreram na primeira noite do protesto (13 de novembro), quando a PSP foi chamada à instituição de ensino superior.
Durante uma semana, um grupo de estudantes acampou no recinto da faculdade, realizou protestos e vandalizou edifícios da faculdade com frases contra a utilização de combustíveis fósseis. Na fachada do edifício foi também grafitada a frase “Valores de Abril só na fachada. Lutar pelo clima não é crime”.
Os estudantes acusam a faculdade de “repressão” a um protesto alegadamente pacífico, uma afirmação que a direção nega. Num comunicado interno, divulgado pelo departamento de comunicação, a FCSH explica que os estudantes destruíram “equipamentos do sistema de detenção de incêndio, o que coloca gravemente em causa a segurança de quem utiliza as instalações.
As reivindicações do movimento Greve Climática Estudantil já são conhecidas: exigem o “fim aos combustíveis fósseis até 2030” e a criação de “eletricidade 100% renovável e acessível até 2025”, numa manifestação contra o “negócio” no setor da energia.
“A energia é um negócio e não garante o que é um direito básico. A energia tem de ser acessível a todos. Só isso nos vai trazer uma transição energética justa”, afirma Beatriz Xavier, em declarações à SIC Notícias durante a ocupação da FCSH.
Artigo atualizado às 12:38 com a colocação do vídeo e acrescento de informação sobre os confrontos e os detidos.