Cândida Almeida, antiga Procuradora-Geral adjunta da República, defende a atuação da PGR no processo Influencer. Diz que a instituição fez tudo o que devia e que, inclusivamente, foi "além do necessário".
Quanto aos erros no processo admitidos pelo Ministério Público, acredita que não retiram força à investigação.
Em entrevista à Rádio Observador, considera ainda que existe uma "clara confusão entre justiça e política".
“Buscas sem utilidade e abuso de poder”
Opinião que não é partilhada pela Procuradora-Geral Maria José Fernandes, que fala em buscas sem utilidade e em abuso de poder de quem levou a cabo a investigação criminal.
Num longo artigo de opinião no Público, a Procuradora-Geral Adjunta defende a tese de que este é um caso que mostra como a autonomia dos procuradores deixou os magistrados sem controlo na estrutura hierárquica, levando a abusos.
“Acontece haver quem entenda a investigação criminal como uma extensão de poder sobre outros poderes, de natureza política. Daí que sejamos surpreendidos, de vez em quando, com buscas cuja utilidade e necessidade é nenhuma”, escreveu.
Operação Influencer
A operação do Ministério Público levou à detenção de cinco pessoas para interrogatório e à constituição de quatro arguidos, designadamente o ex-ministro das Infraestruturas, João Galamba, o presidente da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, o advogado e antigo porta-voz do PS, João Tiago Silveira, e a empresa Start Campus.
Na investigação aos negócios do lítio, hidrogénio verde e do data center de Sines podem estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência.
O primeiro-ministro, António Costa, que apresentou a demissão, é alvo de uma investigação autónoma do MP num inquérito instaurado no Supremo Tribunal de Justiça, após suspeitos terem invocado o seu nome como tendo intervindo para desbloquear procedimentos nos negócios investigados.