Em análise esta segunda-feira no Jornal do Dia, da SIC Notícias, Bernardo Ferrão e Sebastião Bugalho debateram a atual crise política que, segundo Bernardo Ferrão, está a ser marcada por uma “guerra latente” entre o primeiro-ministro e o Presidente da República. Também Sebastião Bugalho defende que “desde a manutenção de João Galamba no Governo" que "era evidente que iria aumentar a tensão entre Belém e São Bento”.
"O que compreendo pior é esta presença permanente do primeiro-ministro, que apresentou a demissão, mas insiste em estar permanentemente em público e a fazer a sua defesa, e o ataque constante ao Presidente da República […] António Costa dá sinais de alguém que não percebeu muito bem o que aconteceu e que talvez esteja um pouco de cabeça perdida. E acho que o que António Costa está a fazer, no limite, está a prejudicar o PS", defende o jornalista.
Bernardo Ferrão considera que “estamos quase a viver um momento de delírio público”, defendendo ainda que “o Presidente da República vai continuar a marcar tudo o que sente e lhe ficou marcado desse tempo”.
”Este ataque percebe-se mal. A informação que há é que foi o próprio primeiro-ministro que percebeu que não tinha condições naquela primeira reunião na Presidência da República com Marcelo Rebelo de Sousa, e não é o Presidente da República que é o culpado pelas escolhas de António Costa para o seu gabinete mais próximo", afirma.
Sebastião Bugalho também considera que este conflito “não parece ser inteligente do ponto de vista político”, acrescentando que a “credibilização das instituições não parece ser uma prioridade destes dois homens”.
“Nos últimos dois dias, quase parece que António Costa está arrependido de se ter demitido. Está bastante ativo para um homem que apresentou a demissão", afirma.
Na opinião de Sebastião Bugalho, “o Presidente da República, no fundo, é o bode expiatório que resta ao Governo e a António Costa, mas ninguém acredita que Marcelo seja o culpado da instabilidade da maioria absoluta".