Numa curta declaração de cerca de dois minutos, o autarca de Sines, um dos visados na Operação Influencer, afirmou que é inocente e que a “Justiça fez o seu papel”.
“Prestei todos os esclarecimentos que me foram solicitados, postura que manterei ao longo de todo o processo. Estando inocente como estou foi com a seriedade possível que lidei com toda esta situação convicto de que sempre pautei a minha conduta de presidente da Câmara Municipal de Sines na persecução do interesse público inerente ao exercício das funções para as quais fui eleito”, declarou.
Defendendo que "a Justiça fez o seu papel, concluiu que não existe qualquer ilícito na minha conduta, no exercício das minhas funções (…) às quais tenho dedicado os últimos dez anos da minha vida.
Nuno Mascarenhas diz que vai “aguardar pelo fim deste processo", deixando desde já um ”agradecimento aos funcionários da Câmara de Sines e, em especial, à minha família por todo o apoio".
O que está a ser investigado
Na investigação aos negócios do lítio, hidrogénio verde e do data center de Sines, o Ministério Público sustentava que podiam estar em causa os crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e tráfico de influência. Porém, nenhum dos cinco arguidos detidos foi indiciado pelo juiz de instrução por qualquer crime de corrupção.
A medida de coação mais gravosa, prisão preventiva, que era pedida pelo Ministério Público (MP) para Diogo Lacerda Machado, o agora ex-melhor amigo de António Costa, e Vítor Escária, chefe de gabinete do primeiro-ministro, não foi aplicada a nenhum. São suspeitos de tráfico de influência em coautoria e estão impedidos de sair do país. Ambos terão de entregar os respetivos passaportes no prazo de 24 horas.
Saliente-se ainda que quer Diogo Lacerda Machado, quer a arguida Start Campus, têm de prestar caução. O primeiro, o ex-amigo de António Costa tem de, no prazo de 15 dias, prestar caução de 150 mil euros. Já a Start Campus tem, também no prazo de 15 dias, de prestar caução de 600 mil euros.
Os dois administradores da Start Campus, Afonso Salema e Rui Oliveira Neves, para quem os procuradores do MP pediam o pagamento de uma caução de 100 mil euros e a proibição de contactar os restantes arguidos, também ficaram em liberdade, sendo suspeitos dos crimes de tráfico de influência e oferta indevida de vantagem.
A todos os arguidos, o juiz de instrução decretou ainda o termo de identidade e residência. Ou seja, esta foi a única medida de coação aplicada ao autarca de Sines que, recorde-se, tal como os restantes quatro este uma semana detido nas instalações do Comando Metropolitano de Lisboa da PSP, em Moscavide.