Dezenas de pessoas participam numa manifestação a favor do Estado da Palestina, este domingo, em frente ao Palácio de Belém, em Lisboa. O Presidente da República apareceu no protesto e foi duramente criticado. Houve mesmo uma troca acesa de palavras com um manifestante que o acusou de ser “comentador político”.
A manifestação esteve prevista para o Largo de Camões, mas foi deslocalizada para a porta do Palácio de Belém, depois do que o Presidente da República disse ao embaixador da Palestina.
Marcelo Rebelo de Sousa deslocou-se ao jardim e percorreu a pé a multidão, que apelava a um cessar-fogo da Faixa de Gaza e empunhava cartazes e bandeiras da Palestina. Lançaram ainda duras críticas a Marcelo.
O chefe de Estado foi confrontado com o que disse ao chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal, na sexta-feira.
"O direito humanitário tem de ser universal", diz, lembrando as vítimas civis inocentes.
Uma mulher presente no local dirige-se ao Presidente da República, acusando-o de ter "envergonhado Portugal". "Esteve muito mal", considera.
Marcelo Rebelo de Sousa responde-lhe, afirmando:
"Disse o que Portugal pensa e o que todos pensamos. Porquê? Está contra o terrorismo ou não está? Está a favor do Estado Palestiniano? Foi o que eu disse".
Na sexta-feira, Presidente da República disse ao chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal que alguns palestinianos "não deviam ter começado" esta guerra com Israel e aconselhou-os a serem moderados e pacíficos.
Este domingo, o Presidente da República garante também que defendeu António Guterres.
"Se fosse justo, não havia a pressão de tantas organizações internacionais a dizer que tem de haver um Estado. São palavras que têm por trás de si mais de 100 Estados", diz.
Foi quando um dos manifestantes, colado ao Presidente, acusou Marcelo Rebelo de Sousa de não ser comentador político que os ânimos se exaltaram.
“Esquece-se que já não é comentador, é o Presidente de todos os portugueses”, diz o homem, exaltado, acrescentando que Marcelo “fala demais”.
Declarações polémicas
Durante uma visita ao Bazar Diplomático, no Centro de Congressos de Lisboa, na sexta-feira, Marcelo Rebelo de Sousa disse ao chefe da missão diplomática da Palestina em Portugal que alguns palestinianos "não deviam ter começado" esta guerra com Israel e aconselhou-os a serem moderados e pacíficos.
Quando Nabil Abuznaid invocou "a ocupação de 56 anos", o chefe de Estado respondeu: "Eu sei, mas não deviam ter começado".