A líder do Bloco de Esquerda diz que quem tem de garantir condições no SNS é o ministro da saúde. Mariana Mortágua é contra as horas extraordinárias que o Governo impõe aos médicos.
Mariana Mortágua diz que aquilo que compromete o acesso ao SNS é o sistema "depender maioritariamente de profissionais que trabalham meses de horas extraordinárias a mais por ano".
"O que o ministro da Saúde está a dizer é que estes profissionais que trabalham além do seu horário mais três ou quatro meses de horas extraordinárias vão ter de o fazer para sempre e, se não o fizerem, é responsabilidade deles o que se passar no SNS. Isto não se pede a ninguém. Um patrão não pode pedir a um trabalhador que, ou trabalha mais três ou quatro meses por ano além do horário de trabalho, ou então é culpa sua", reagiu.
Para a coordenadora do Bloco de Esquerda, "quem tem de garantir condições para que o SNS possa funcionar com respeito pelos horários de trabalho é o ministro da Saúde, e para isso só há uma hipótese: Atrair médicos para o SNS".
Médicos e Governo retomam hoje as negociações.
A última ronda negocial realizou-se na passada terça-feira e estendeu-se por mais de oito horas sem ser possível chegar a um acordo, com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) e a Federação Nacional dos Médicos (Fnam) a reivindicarem um aumento salarial transversal de 30%.
Mais de 30 hospitais do país estão a enfrentar constrangimentos e encerramentos temporários de serviços devido à dificuldade das administrações completarem as escalas de médicos, na sequência de mais de 2.500 médicos terem entregado escusas ao trabalho extraordinário, além das 150 horas anuais obrigatórias.
Esta crise já levou o diretor executivo do SNS, Fernando Araújo, a admitir que este mês poderá ser dramático, caso o Governo e os sindicatos médicos não consigam chegar a um entendimento.
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