Henrique Gouveia e Melo é quem parece reunir mais condições para ser o próximo Presidente da República. De acordo com a sondagem do ICS e ISCTE para a SIC e Expresso, o Almirante tem 4.8 pontos, numa escala de 0 a 10 em que se calcula a probabilidade dos eleitores poderem votar numa determinada lista de candidatos.
Perante uma lista de 17 nomes proposta pela SIC e pelo Expresso, nenhum nome se situa acima do ponto médio da escala, o 5. Mas Henrique Gouveia e Melo consegue 4.8, sendo assim o nome que os eleitores admitem ser menos improvável alguma vez votar.
Nas posições seguintes surgem António Guterres (4.4), António Costa (4.1) e Luís Marques Mendes (3.5), o comentador da SIC que abriu a porta a uma eventual candidatura. No extremo da tabela surgem, por exemplo, João Ferreira ou João Cotrim de Figueiredo, com 2.3 na escala.
Nomes como Catarina Martins, Mário Centeno, Ana Gomes – também comentadora da SIC Notícias –, Pedro Passos Coelho, Durão Barroso, Rui Rio, Santos Silva, Francisco Louçã, André Ventura, Santana Lopes ou Paulo Portas, estão entre os 3.2 pontos e os 2.5.
Para chegarem a estes números os entrevistadores pediram aos inquiridos para darem notas de 0 a 10 a 17 possíveis sucessores de Marcelo Rebelo de Sousa. Zero significa nada provável e 10 muito provável votarem nesse nome.
Um militar em Belém?
Quase três anos depois de ter sido dada a primeira vacina contra a Covid-19, os portugueses parecem continuar sem esquecer o homem que liderou o programa de combate à pandemia, abrindo uma inesperada possibilidade de o Palácio de Belém poder voltar a ser a casa de um militar mais de 50 anos depois do 25 de abril e 40 anos depois de o general Ramalho Eanes ter deixado a presidência em 1986.
Gouveia e Melo lidera claramente quando olhamos apenas para os eleitores de direita. Com 4.7 (de 0 a 10) e à esquerda só António Costa consegue reunir mais simpatia, com uns claros 5.3. Mesmo assim, o Almirante obtém uns inesperados 4.9 no eleitorado de esquerda, ombro a ombro com António Guterres. Na esquerda, Marques Mendes surge logo depois destes três nomes e acima de todos os candidatos naturais desta área política.
Na lista geral, sem ser por áreas políticas, António Guterres é o segundo e a fechar o pódio está outro socialista, António Costa, dois nomes que reiteradamente têm garantido que nunca serão candidatos. Luís Marques Mendes, que já admitiu a possibilidade de se candidatar à Presidência da República e nesta sondagem ocupa o 4º lugar com 3.5 pontos, pode estar assim num claro segundo lugar, apenas com uma hipotética candidatura de Gouveia e Melo pela frente.
Nomes fora do pódio
Catarina Martins, Mário Centeno, Ana Gomes, Pedro Passos Coelho e Durão Barroso fecham a lista dos eventuais candidatos com mais de 3 pontos. Para encontrarmos o Presidente da Assembleia da República temos que descer à 11ª posição: Augusto Santos Silva tem 2.8 pontos, o que o coloca uma décima abaixo de Rui Rio. Francisco Louçã, André Ventura, Santana Lopes, Paulo Portas, João Cotrim de Figueiredo e João Ferreira são os que parecem ter menos hipóteses de ganhar as eleições presidenciais, que devem ser marcadas para o início de 2026.
Marcelo Rebelo de Sousa está a meio do segundo mandato, mas a hipótese de um militar voltar ao Palácio de Belém está a agitar os meios políticos. Depois de António Spínola e Costa Gomes, os dois por indicação direta após o 25 de abril, e de Ramalho Eanes em duas eleições seguidas (1976 e 1980), a ideia de um militar na Presidência parecia afastada da democracia portuguesa. Ao longo do Estado Novo, todos os Presidentes – Óscar Carmona, Craveiro Lopes e Américo Tomás – foram militares, incluindo dois com mandatos muito curtos na sequência do golpe do 28 de Maio, Mendes Cabeçadas e Gomes da Costa.
Nas primeiras Presidenciais em democracia três candidatos eram militares: Ramalho Eanes, Otelo Saraiva de Carvalho e Pinheiro de Azevedo; apenas Octávio Pato, do PCP, foi o único candidato civil. Em 1980, os candidatos voltaram a ser todos militares, exceto um: Ramalho Eanes, Soares Carneiro, Otelo, Galvão de Melo e Pires Veloso; só Aires Rodrigues, do POUS, é que era civil. Depois disso, nunca mais houve um candidato militar em nenhuma eleição presidencial.
Ficha Técnica
Este estudo de opinião foi coordenado pelo ICS e pelo ISCTE para a SIC e para o Expresso. A informação foi recolhida num universo de indivíduos maiores de 18 anos, residentes em Portugal, através de entrevista presencial. O trabalho de campo foi realizado pela GfK Metris entre 16 e 25 de setembro, tendo sido contactados 2926 indivíduos e validadas 804 entrevistas. A margem de erro máxima é de +/- 3,5%, com um nível de confiança de 95%.