No Jornal das 7 desta segunda-feira, na SIC Notícias, Ricardo Costa e Bernardo Ferrão da SIC analisaram a candidatura de Luís Marques Mendes às eleições presidenciais de 2026, afirmando que esta antecipação da apresentação da candidatura foi um marcar de posição do comentador do canal.
Segundo Bernardo Ferrão, “o que Luís Marques Mendes fez foi mostrar iniciativa, e por vezes isso condiciona o jogo político. Muitas vezes quem quer mostrar iniciativa ganha terreno”.
“Acho que ele escolheu a Festa do Pontal para dar esse sinal. Tendo em conta que já não ia ao Pontal há 16 anos, acreditou que aquele sinal iria ter essa leitura de possível candidatura às presidenciais. Não correu bem porque outros temas se sobrepuseram", acrescentou.
Ricardo Costa também não se mostrou surpreso pela apresentação da candidatura de Marques Mendes a Belém, mas sim pela altura escolhida para essa demonstração.
“Não fiquei surpreendido com a revelação, mas sim com o calendário. Havendo eleições europeias ainda no círculo político, achei cedo mas legítimo”, afirmou Ricardo Costa, exemplificando as eleições presidenciais em que Jorge Sampaio anunciou "com muita antecedência a sua candidatura", tendo sido este facto que “o levou a ser candidato do PS e ganhar as eleições”.
Para Bernardo Ferrão, esta antecipação não teve por base o facto de também Pedro Santana Lopes, em entrevista à SIC, não ter afastado a hipótese de se candidatar à Presidência da República.
“O que disse [Pedro] Santana Lopes e o que vai fazer [Paulo] Portas tem peso, mas quem eu acho que tem verdadeiro peso nas contas de Marques Mendes é o Almirante Gouveia e Melo. Ele será o verdadeiro adversário de Marques Mendes”, afirmou.
Segundo o jornalista, por Gouveia e Melo ser uma “figura civil”, que não está associada a partidos políticos, pode fazer com que seja o “grande adversário” do comentador político.
“As pessoas olham para o jogo político e veem que a política é algo que não tem dado boas provas”, enquanto que “a farda branca do Almirante” faz dele “alguém que tem autoridade e este pode ser o verdadeiro adversário de Marques Mendes”.
Para Ricardo Costa, o grande desafio das próximas eleições é poderem não ser decisivas na primeira volta de votações, obrigando a uma segunda volta para apuramento do vencedor.
“O quadro partidário mudou muito nos últimos anos. Há muitos mais partidos; há uma grande fragmentação”, afirmou Ricardo Costa.
"Num cenário destes eu não estou tão certo que haja algum candidato capaz de ganhar à primeira [volta].
Se ninguém tiver essa capacidade - ainda que uma segunda volta não seja completamente imprevisível - mas houver um candidato como o Almirante Gouveia e Melo é algo extremamente complexa para os candidatos que vêm de uma tradição mais partidária e política", defendeu.
Principais ameaças a Marques Marques
“Marques Mendes é o candidato mais forte”, diz Ricardo Costa, acrescentando que "ter as audiências que tem todos os domingos é algo absolutamente indiscutível”, mas “vai ser sempre acusado de Marcelo Rebelo de Sousa ter sido o ventrículo dele durante alguns períodos da presidência”.
Já Bernardo Ferrão vê como “segundo grande problema” para Marques Mendes a situação política de ter de haver uma antecipação das eleições legislativas.
"Imaginemos que nas [Eleições] Europeias a coisa corre mal e António Costa vai mesmo para a Europa, e haverá uma antecipação das eleições, provavelmente o próximo Governo será PSD e portanto o próximo Presidente da República será alguém do Partido Socialista", acrescenta Bernardo Ferrão.