Armando Pereira, fundador da Altice e o rosto da entrada da operadora francesa em Portugal, ficou em prisão domiciliária a 24 de julho, por ordem do juiz Carlos Alexandre.
O magistrado ordenou que o principal arguido da Operação Picoas permanecesse na mansão de que é proprietário em Guilhofrei, em Vieira do Minho, para acautelar eventuais perigos de fuga e de perturbação do inquérito.
"O arguido poderá determinar a destruição de documentos e condicionar colaboradores."
“Viaja de jato privado. Tem casas em várias geografias.”
- Juiz Carlos Alexandre, 24 de julho
Ainda que tenha mencionado a facilidade de movimentações de Armando Pereira, o juiz não exigiu pulseira eletrónica ou polícia à porta, apenas uma "adequada vigilância", a cargo da GNR local.
Dois meses depois desta ordem, a SIC testemunhou que a quinta de quinze hectares não tem qualquer controlo permanente e nem sequer os vizinhos dizem que viram qualquer elemento das autoridades.
"Que eu saiba, o policiamento é aleatório. A qualquer momento pode ter uma visita em casa e tem de estar presente", explica um morador de Guilhofrei. Quando questionado sobre a presença de elementos da GNR, o vizinho de Armando Pereira apenas ri.
A defesa do fundador da Altice garante que Armando Pereira tem cumprido a medida de coação de forma rigorosa.
A SIC questionou o tribunal, o Ministério Público e a GNR sobre a forma como tem sido feito o controlo da prisão domiciliária e não recebeu explicações.
Esta é a primeira de uma série de reportagens de investigação que a SIC e a SIC Notícias exibem, a partir de agora, sobre a Operação Picoas.
O processo que investiga um desvio de milhões da Altice é um dos mais complexos dos últimos anos.
Segundo os procuradores, envolve transferências de dinheiro e uma extensão geográfica com uma dimensão poucas vezes vista nas investigações em Portugal.
As reportagens são um trabalho do jornalista Diogo Torres com imagem de Luís Botas e João Venda e edição de Marisabel Neto.