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Cartaxo: grávida de risco sem acompanhamento foi rejeitada por três hospitais

“Não há dia nenhum que eu não chore porque viver em Portugal hoje em dia dá muito medo”, lamenta a mulher, de 38 anos.

Tomás Duran

Preferiu não dar nem o nome, nem a cara, mas sentiu-se na obrigação de falar por ela e por Aurora, a filha que em breve terá nos braços. Ao fim de cinco meses de luta, a mulher, natural do Cartaxo, ainda não conseguiu um médico para acompanhar uma gravidez que diz ser de risco e diz mesmo que foi rejeitada por três hospitais.

“Não há dia nenhum que eu não chore porque viver em Portugal hoje em dia dá muito medo”, lamenta a mulher, de 38 anos.

Teve o seu primeiro seguimento no Hospital de Santa Maria, em Lisboa. Mais tarde, devido à mudança de residência, foi ao centro de saúde do Cartaxo e solicitou um acompanhamento médico para a gravidez.

“Quando cheguei lá, disseram-me que não tinham médico e para tentar ir ao hospital para ver se me aceitavam lá”, lembrou.

Sem médico no centro de saúde, acabou por se deslocar até ao Hospital de Santarém, onde conseguiu uma consulta.

“A médica esteve a ver o meu processo e disse-me que era uma grávida de risco porque tenho alguns problemas, mas que não tinham vaga para mim e que tinha de vir ao centro de saúde e, se não tivessem médico, tinham de me reencaminhar para outro sítio. O que não aconteceu e eu já estou de cinco meses”, afirmou à SIC.

Foi a primeira e única consulta até à data desta reportagem. A mulher, que já tem três filhos, diz ter uma incompatibilidade sanguínea com o marido, o que leva a que a gravidez tenha um risco elevado.

Já fez queixa no centro de saúde, pediu por inúmeras vezes o acompanhamento ao Hospital de Santarém, mas a resposta é sempre a mesma.

O desespero fez com que esta grávida voltasse a pedir o acompanhamento a mais de 70 quilómetros da sua residência, desta vez no Hospital de Santa Maria, em Lisboa.

Em resposta à SIC o Hospital de Santa Maria "nega que haja qualquer restrição no acesso à sua consulta para grávidas de risco, que continua a ser assegurada por profissionais no hospital".

O Hospital de Santarém e a unidade de saúde do Cartaxo não responderam às nossas perguntas até ao fecho desta reportagem.

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