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Bastonário alerta: médicos “frequentemente a trabalhar abaixo dos limites de segurança”

Em entrevista na SIC Notícias, Jorge Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos, e Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos, debatem a grave situação que se vive no SNS.

SIC Notícias

A Ordem dos Médicos pediu uma reunião urgente com o ministro da Saúde para encontrar soluções imediatas que coloquem fim à grave situação que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está a atravessar. A reunião com Manuel Pizarro está marcada para esta quarta-feira. Há urgências com encerramentos pontuais em todo o país, devido à recusa dos médicos em fazer horas extraordinárias. Jorge Roque da Cunha, do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), diz que o Governo tem “mostrado muito pouca vontade em resolver o problema”. Carlos Cortes, bastonário da Ordem dos Médicos, explica que há várias equipas médicas a trabalhar abaixo do limiar de segurança mínimo e que está nas mãos do Governo garantir a segurança dos utentes do SNS.

Em reação à entrevista de António Costa à TVI e CNN/Portugal, esta segunda-feira, Roque da Cunha considera que “foi muito dececionante a forma como o senhor primeiro-ministro, que aliás reiteradamente tem demonstrado muito pouca vontade de ultrapassar estes problemas”.

Ainda no seguimento das declarações de António Costa, o presidente do SIM diz que é inaceitável a falta de médicos de família e acusa o Governo de ter meios mas não investir no SNS.

"Estamos a falar de uma situação que todos os dias é agravada e mais uma vez ontem, na entrevista, o senhor primeiro-ministro mostrou uma total insensibilidade, não só porque o Governo tem meios como nunca teve, cobrou impostos o ano passado como nunca cobrou. Este ano os números revelam que a carga fiscal aumentou e a situação é aquela que nós vemos todos os dias

Cada vez mais pessoas a terem necessidade de terem seguros de saúde, cada vez mais pessoas a despenderem das suas poupanças para terem acesso aos cuidados de saúde. Não é assim que se resolve o problema. Não é assim que se investe no Serviço Nacional de Saúde".

“Capacidade de resposta nos hospitais muitas vezes é praticamente nula”

Carlos Cortes já alertou para uma “situação de catástrofe” e reforça, na SIC Notícias, que “não há um problema dos médicos, há um problema do Serviço Nacional de Saúde” e que “é inconcebível que atualmente haja pessoas ainda no nosso país que tenham que estar de véspera a dormir no chão para no dia seguinte poderem ter uma consulta”.

Sobre a reunião urgente que a Ordem dos Médicos pediu ao ministro da Saúde, o bastonário explica que pretende que “todo o Governo, e neste momento não é só o Ministério da Saúde, possa ter bom senso, possa ter um grande sentido de responsabilidade e olhar para estas situações do dia a dia, onde efetivamente, o SNS deixou de ter condições para poder tratar adequadamente os seus doentes, onde os seus profissionais foram completamente esquecidos”.

“Os médicos neste momento não tem condições, não há dignificação neste momento da profissão médica, não a valorização da carreira dos médicos e aquilo que simplesmente os médicos estão a pedir neste momento é que haja uma atenção do Governo ao Serviço Nacional de Saúde”, realça o bastonário da Ordem dos Médicos.

Carlos Cortes. volta a alertar para a questão da segurança dos doentes, e sublinha que há urgências a fechar e, no caso onde as urgências se mantêm abertas, “estão frequentemente a trabalhar abaixo dos limites de segurança que estão definidos pela Ordem dos Médicos em padrões internacionais, porque muitas das equipas que nós temos neste momento nas diligências estão abaixo desses limites de segurança”.

“Quero alertar o Ministério da Saúde e a Direção Executiva do SNS para não dar aqui uma falsa sensação de segurança em muitos hospitais, quando a sua capacidade de resposta muitas vezes é praticamente nula”, destaca.

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