Hernâni Vaz Antunes terá facilitado a fuga de Yossi Benchtrit, genro de Armando Pereira e gestor da Altice nos EUA. O Ministério Público e a Autoridade Tributária de Braga acreditam que Benchtrit atuava como testa de ferro do sogro.
Yossi Benchtrit está em parte incerta desde 13 de julho, altura das buscas e detenções. Genro de Armando Pereira é suspeito para o Ministério Público, que o considera recebedor direto de várias dezenas de milhões de euros de pagamentos indevidos relacionados com a atribuição de negócios com viciação das regras a que devia obedecer como dirigente do grupo Altice.
Gestor de topo da empresa nos Estados Unidos da América, seria um dos testas de ferro do esquema corruptivo.
Para o procurador Rosário Teixeira, era através de Yossi que se escondiam parte dos lucros ilegais de Hernâni Vaz Antunes e Armando Pereira, feitos com a sobrefaturação de serviços e equipamentos ao grupo de telecomunicações.
Yossi, que deu nas vistas com a mulher Gaelle ao gastarem mais de 90 milhões de euros em dois apartamentos em Nova Iorque, estava na casa do sogro em Guilhofrei até à véspera das buscas, acompanhado por outro suspeito das autoridades portuguesas, Hakim Boubazine, ex-presidente da Altice dos EUA,
que terá também recebido pagamentos indevidos.
No despacho das medidas de coação, a que a SIC teve acesso, o Ministério Público acredita que Hernâni Vaz Antunes terá permitido a fuga, dado se evidenciar que estes dois últimos se encontravam em Portugal, juntos com o Hernâni, na data em que se iniciaram as diligências de busca.
Durante o interrogatório, Hernâni Vaz Antunes confessou pagamentos indevidos a estes e a mais responsáveis do grupo Altice.
Operação Picoas
O Ministério Público (MP) e a Autoridade Tributária (AT) suspeitam de que o Estado e o grupo Altice podem ter sido lesados em mais de 100 milhões de euros, segundo uma nota publicada pela Procuradoria-Geral da República.
A investigação indica também a existência de indícios de "aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira" através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas. Entende o MP que terão também sido usadas sociedades offshore, apontando para os crimes de branqueamento e falsificação.