País

“Não somos uma ameaça”: a carta da seita Reino de Pineal

Numa mensagem com agradecimentos ao povo português, a seita deixa alguns esclarecimentos sobre o seu propósito. O texto, que pode ler na íntegra, não faz no entanto qualquer referência ao bebé de 14 meses que morreu em 2022.

Carolina Botelho Pinto

O Reino de Pineal, uma polémica seita em Coimbra, escreveu esta terça-feira uma carta, enviada às redações, em que garante não ter intenção de causar distúrbios. O texto não faz qualquer referência à morte de um bebé de 14 meses, em 2022, caso que já está a ser investigado pelas autoridades.

No texto, que começa com um agradecimento ao “povo de Portugal”, garantem não ser uma ameaça, dizem que querem apenas viver em paz e pedem que se respeite o facto de não terem “sido acusados por ninguém de violar qualquer lei”.

“A nossa intenção não é a de perturbar a paz, ou causar confusão e divisão. Estamos aqui a viver em paz, cuidando respeitosamente da terra que atualmente habitamos até ao momento em que encontrarmos e estabelecermos uma casa permanente, talvez uma ilha”, lê-se no comunicado.

Esclarecem ainda não ser um movimento político, mas sim “nómadas viajantes com uma vocação espiritual”. Dizem-se gratos pela “hospitalidade” de Portugal e garantem que quando chegar a altura, seguirão em frente.

Pedem, no entretanto, que se respeite o facto de não terem sido “acusados por ninguém de violar quaisquer leis”.

Sem qualquer referência à morte do bebé de 14 meses, que fazia parte da seita Reino do Pineal, que opera em Coimbra, a carta termina com as palavras “honra”, “terra”, “abundância”, “respeito” e “confiança”.

Leia a carta na íntegra:

Em primeiro lugar, gostaríamos de agradecer ao povo de Portugal por nos ter acolhido nesta terra.

Gostaríamos também de agradecer à constituição portuguesa que nos permite exercer legalmente os nossos direitos de auto-determinação.

Gostaríamos de deixar claro que não somos um movimento político, somos nómadas viajantes com uma vocação espiritual, atualmente a viver na embaixada na soberana República Portuguesa.

A nossa intenção não é de perturbar a paz, ou causar confusão e divisão.

Estamos aqui a viver em paz, cuidando respeitosamente da terra que atualmente habitamos até ao momento em que encontrarmos e estabelecermos uma casa permanente, talvez uma ilha.

Não somos uma ameaça para a República de Portugal, nem para o modo de vida de ninguém, pois não impomos as nossas crenças aos outros. O modo de vida que escolhemos tem como objetivo restaurar, proteger e preservar os modos de vida orgânicos, naturais, espirituais, culturais e indígenas.

Estamos gratos pela imensa hospitalidade e constituição de Portugal que nos permite praticar legalmente as nossas crenças espirituais e estabelecermo-nos como um povo cultural autodeterminado.

Quando chegar a altura, seguiremos em frente. Entretanto, tencionamos continuar a viver em confiança, de forma legal e pacífica, cuidando da terra onde estamos atualmente instalados.

Pedimos gentilmente que respeitem o facto de não termos sido acusados por ninguém de violar quaisquer leis. Tudo o que temos feito e continuamos a fazer é legal e respeita os costumes de Portugal.

Agradecemos a vossa correspondência e o facto de honrarem e respeitarem os nossos direitos espirituais e constitucionais de viver pacificamente sem ameaças de perseguição.

No interesse da saúde e da segurança das nossas mulheres e crianças da nossa comunidade, peço-vos que respeitem a nossa privacidade. Estamos sempre abertos a comunicar, desde que haja um diálogo respeitoso, contactando o nosso e-mail.

Agradecimentos da família Pinheiro e da comunidade do Reino de Pineal.

Honra . Terra . Abundância . Respeito . Confiança"

Últimas