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Operação Picoas: Altice avança com investigação interna sobre aquisição e venda de imóveis

Altice Portugal foi uma das empresas alvo de buscas pelas autoridades portuguesas em cumprimento de um mandado, emitido pelo Ministério Público, no âmbito de uma investigação em curso dirigida a indivíduos e entidades externas ao grupo Altice.

SIC Notícias

Lusa

A Altice Portugal avançou com uma investigação interna na sequência da operação de buscas que, na quinta-feira, levou à detenção de Armando Pereira, um dos fundadores da operadora francesa.

Em comunicado, a Altice diz que decidiu averiguar os processos de compras e de aquisição e venda de imóveis.

A decisão surge depois da sede da empresa ter sido alvo de buscas na Operação "Picoas" da Autoridade Tributária e do Ministério Público.

Entretanto, o cofundador da Altice Armando Pereira ficou detido na sequência de buscas na quinta-feira à sua residência em Vieira do Minho e à sede da Altice Portugal, em Lisboa, e vai comparecer no sábado perante juiz para primeiro interrogatório.

O Ministério Público (MP) e a Autoridade Tributária (AT) suspeitam de que o Estado e o grupo Altice podem ter sido lesados em mais de 100 milhões de euros, segundo uma nota publicada pela Procuradoria-Geral da República.

Buscas: o que está em causa?

De acordo com o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), a operação desencadeada esta quinta-feira, que levou à detenção do cofundador da Altice Armando Pereira e de outras duas pessoas, contou com cerca de 90 buscas domiciliárias e não domiciliárias, entre as quais instalações de empresas e escritórios de advogados em vários pontos do país.

Em causa está, alegadamente, uma "viciação do processo decisório do Grupo Altice, em sede de contratação, com práticas lesivas das próprias empresas daquele grupo e da concorrência", que apontam para corrupção privada na forma ativa e passiva.

As autoridades destacam ainda que a nível fiscal o Estado terá sido defraudado numa verba "superior a 100 milhões de euros".

A investigação indica também a existência de indícios de "aproveitamento abusivo da taxação reduzida aplicada em sede de IRC na Zona Franca da Madeira" através da domiciliação fiscal fictícia de pessoas e empresas. Entende o MP que terão também sido usadas sociedades offshore, apontando para os crimes de branqueamento e falsificação.

Nas buscas, o DCIAP revelou que foram apreendidos documentos e objetos, "tais como viaturas de luxo e modelos exclusivos com um valor estimado de cerca de 20 milhões de euros".

Os três detidos, entre os quais Armando Pereira, encontram-se no estabelecimento prisional anexo à Polícia Judiciária, em Lisboa, e serão presentes a primeiro interrogatório judicial este sábado.

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