O primeiro-ministro português fez um resumo do início da cimeira da NATO a decorrer em Vilnius, Lituânia, que tem como principais pontos na agenda o apoio à Ucrânia contra a invasão russa e a candidatura da Suécia, bem como no reforço dos meios militares dos aliados contra futuras ameaças. António Costa congratulou-se com a inclusão da proposta portuguesa que alerta para uma maior atenção da Aliança Atlântica ao flanco sul, nomeadamente o continente africano.
“É uma cimeira que começa com três boas notícias. Em primeiro lugar, o levantamento de obstáculos para que a NATO se reforce com a entrada da Suécia. Em segundo lugar porque o comunicado final aceitou uma proposta de Portugal para darmos uma atenção significativa a todo o flanco sul da NATO", que compreende o norte de África, Médio Oriente e Sahel.
António Costa garantiu ainda que há unidade na Aliança no apoio à Ucrânia.
"Em terceiro lugar, porque revelará, mais uma vez a unidade de todos no suporte à Ucrânia no seu combate pela defesa do direito internacional, do direito à soberania, à integridade territorial e todos nos batemos para que a paz triunfe garantindo a defesa do direito internacional” .
Costa afirmou que “tudo o que podia ser complicado está neste momento resolvido”.
“Acho que era difícil termos começado melhor esta cimeira, agora espero que a cimeira não estrague aquilo que começou tão bem”, brincou o primeiro-ministro para logo a seguir afirmar que “tudo o que podia ser complicado está neste momento resolvido”.
Proposta de Portugal para uma maior atenção ao flanco sul da NATO
Nesta cimeira são concretizadas as decisões estratégicas tomadas na cimeira de Madrid, em junho do ano passado, disse Costa, especificando a introdução da proposta portuguesa para uma maior atenção ao flanco sul da NATO.
“A introdução da proposta para que, ao longo deste ano, possamos fazer um estudo alargado das ameaças e das oportunidades de parceria com o flanco sul da NATO, em particular com o Médio Oriente, com o Sahel, com o Norte de África, demonstra bem que a NATO - estando focada na prioridade que é a Ucrânia - não ignora a necessidade de desenvolver outras parcerias e de estabelecer outras oportunidades de cooperação a sul”.
O primeiro-ministro salientou que esta era uma questão que muito preocupava Portugal “e que insistimos bastante”.
“Felizmente, no comunicado final está agora claramente consagrado e numa linguagem muito positiva de parceria”.
Há vários anos que Portugal tem insistido, junto dos restantes 30 Estados-membros, na necessidade de a Aliança Atlântica olhar para o flanco sul, nomeadamente África, numa altura em que as atenções estão concentradas no flanco leste, por causa da invasão da Rússia à Ucrânia.
O grupo paramilitar Wagner, que era uma das principais forças leais ao Kremlin na guerra na Ucrânia, tem uma forte presença no continente africano e também há grupos considerados terroristas, nomeadamente o al-Shabaab (com base na Somália) e milícias filiadas ao Daesh (autoproclamado Estado Islâmico), em regiões como o Sahel.
O objetivo é que a NATO faça uma reflexão sobre o assunto e que apresente diretrizes na cimeira do próximo ano, em Washington.
Cimeira da NATO arranca com candidatura da Suécia e apoio à Ucrânia na agenda
A cimeira da NATO está centrada no apoio à Ucrânia contra a invasão russa e na candidatura à Aliança da Suécia, bem como no reforço dos meios militares dos aliados contra futuras ameaças.
A questão da candidatura sueca, cujo principal obstáculo era a Turquia, ficou resolvida na segunda-feira, quando o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, concordou em apoiar a entrada da Suécia na Aliança Atlântica.
Em contrapartida, Estocolmo garantiu que apoiaria os esforços de adesão da Turquia à União Europeia (UE), incluindo a liberalização de vistos.