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Morte de Ihor Homeniuk: três anos depois, o que mudou nas instalações do SEF no aeroporto?

Três anos depois do assassinato de Ihor Homeniuk, um relatório da Provedoria da Justiça concluiu que grande parte das regras anunciadas continuam por aplicar, incluindo a instalação do botão de pânico.

SIC Notícias

A defesa de Ihor Homeniuk, o imigrante ucraniano assassinado nas instalações do SEF no aeroporto de Lisboa, acusa o Estado português de negligência e má fé. Diz que o serviço continua a funcionar sem as novas regras, anunciadas há três anos, conforme revela também um relatório da Provedoria de Justiça.

Ihor Homeniuk foi assassinado a 12 de março de 2020. Ao fim de três anos, a Provedoria de Justiça diz que grande parte das novas regras anunciadas para melhorar o serviço prestado no aeroporto continua por aplicar.

O relatório anual do Mecanismo Nacional de Prevenção, agora divulgado, revela que "os quartos continuavam sem dispor de ‘botões de pânico’, o sistema de vigilância não foi estendido a todas as salas de entrevistas na zona de fronteira, a rede de Wi-Fi manteve-se inoperacional e os duches não asseguravam privacidade”.

O mesmo documento, com mais de 130 páginas, acrescenta que “os cuidados de saúde são insuficientes e não cumprem o estabelecido regulamentarmente quanto à avaliação clínica inicial e à saúde mental”.

O advogado da família de Ihor Homeniuk aponta o dedo ao Estado português.

“Mais do que negligencia, começa a denotar-se má fé. A partir do momento em que existe uma lei e o Estado se recusa a cumprir, então existe má fé e isso é muito grave num país que queremos que seja civilizado”, afirma José Gaspar Schwalbach.

Relatório Provedoria de Justiça também tece elogios

Mas nem só de críticas se faz o relatório da Provedoria de Justiça. Elogia algumas mudanças, como por exemplo a possibilidade de acesso ao telemóvel, o fim do alojamento em camaratas e a separação entre ala feminina e masculina.

Contactado pela SIC, o SEF refere que as instalações foram alvo de obras profundas e entretanto já visitadas por várias entidades, incluindo deputados. Desmente, por isso, o relatório agora conhecido, e garante que à data de hoje a única recomendação que ainda não foi implementada foi a instalação do botão de pânico.

Recorde-se que três inspetores do SEF foram condenados a nove anos de prisão por agredirem Ihor Homeniuk até à morte.

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