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Médica que denunciou casos no Hospital de Faro demite-se

Diana Pereira Carvalho justificou que toda a situação da queixa e as suas represálias "mexeram" com a sua saúde mental. Para tal, prefere descansar para o futuro.

SIC Notícias

Demitiu-se a médica que, há dois meses, denunciou possíveis casos de más práticas no Serviço de Cirurgia do Hospital de Faro. Diana Pereira Carvalho defendeu a decisão com questões relacionadas com a saúde mental depois da exposição mediática da queixa.

“Não devo sofrer represálias por uma queixa, pelo que eu considero más práticas no que diz respeito a diagnóstico, tratamento, orientação dos doentes em enfermaria, orientação de doentes que foram mal operados”, justificou Diana Pereira Carvalho.

Há dois meses apresentou estas denúncias relativas ao Serviço de Cirurgia Geral do Hospital de Faro. Agora, e depois da elevada exposição mediática, Diana Pereira Carvalho tomou uma decisão.

“Demiti-me! Demiti-me como já queria fazer desde o dia da queixa, mas decidi dar o benefício da dúvida (...) A exposição da queixa e todas as represálias mexeram com a minha saúde mental. (...) Preciso de descansar e orientar a cabeça para o futuro”, admitiu a médica.

Um dos casos que expôs dizia respeito a um doente que esteve internado 23 dias. O exame confirmou que precisava de cirurgia, mas o hospital deu alta. Neste sentido, a médica denunciou que o doente depois voltou “com o estado de saúde bastante agravado e só um mês depois é que foi amputado”.

Passado uns dias, o paciente morreu.

“Eu não sei se há erros, mas esta situação é anómala de uma médica com três meses de internato, já se considerar repositora de uma verdade clínica”, contrapôs Horácio Guerreiro, diretor clínico do Centro Hospitalar do Algarve.

Nas denúncias foram identificados onze doentes, em que três acabaram mesmo por morrer. Em causa estarão possíveis erros clínicos de dois médicos: Pedro Mendonça e Martins dos Santos.

Há duas semanas, ambos acabaram suspensos, durante seis meses, o tempo máximo previsto pela lei.

O caso está também a ser analisado pela Procuradoria-Geral da República.

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