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IPO de Lisboa realiza tratamento "inovador" para a leucemia em crianças

O procedimento consiste na modificação genética de células do sistema imunológico. Foi aplicado, pela primeira vez, a uma criança que, segundo o IPO de Lisboa, se encontra “estável e sem sinais da doença”.

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Filipa Traqueia

O Instituto Português de Oncologia (IPO) de Lisboa utilizou, pela primeira vez, um procedimento “inovador” no tratamento da leucemia pediátrica. Uma criança recebeu este tratamento, em dezembro do ano passado, e, atualmente, encontra-se “estável e sem sinais da doença”.

O tratamento com células CAR-T, que é “pioneiro” em Portugal na área da leucemia pediátrica, “pressupõe uma taxa de sucesso de 90% nas primeiras fases da doença”, anuncia o IPO. Tem por base a modificação genética de células que fazem parte do grupo dos glóbulos brancos.

“Esta é uma forma de imunoterapia, ou seja, recorre ao próprio sistema imunitário do doente para combater a doença. O processo inicia-se com a colheita de linfócitos (células que fazem parte do grupo dos glóbulos brancos) dos doentes e encaminhamento para o laboratório de criobiologia, após o que seguem para os laboratórios dos Estados Unidos e Europa que fazem a modificação genética”, explica o IPO de Lisboa.

Uma vez modificadas, as células são “novamente infundidas no sangue do doente através de um cateter venoso, num processo semelhante a uma transfusão”.

“Estas células modificadas, designadas como células CAR-T, conseguem detetar as células tumorais no organismo do doente e vão atacar diretamente as células malignas e ajudar a eliminá-las.”

O primeiro tratamento com recurso a células CAR-T aplicado em crianças, em Portugal, foi realizado no IPO de Lisboa, em dezembro de 2022. A paciente "encontrava-se na terceira recaída de uma leucemia linfoblástica aguda tipo B”.

Anteriormente, a criança tinha sido submetida a diferentes tratamentos, mas todos falharam na eliminação das células tumorais, “persistindo uma quantidade de doença residual que não permitia realizar um transplante de medula com garantias de sucesso”. Atualmente, segundo o IPO, a menina “encontra-se estável e sem sinais de doença”.

O tratamento com células CAR-T já era realizado em crianças noutros países. Em novembro do ano passado, o caso da “Família Batazu” tornou-se viral nas redes sociais, devido a um pedido de ajuda para levar Tomás, de 11 anos, a Israel para realizar este tratamento inovador. Em poucos dias, a família conseguiu angariar o valor que precisava para fazer o tratamento. No entanto, o pequeno Tomás “Batazu” acabou por não resistir à doença.

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