Saúde e Bem-estar

Pacientes diagnosticados com leucemia curados devido a terapia com células CAR-T

Com o tempo, as células modificadas evoluíram e ajudaram a identificar e eliminar o cancro de Doug Olson e Bill Ludwig.

Para conhecermos a história de Doug Olson temos de recuar uns anos. Em 1996 foi diagnosticado com leucemia linfocítica crónica.

“Pensei que tinha meses de vida”, começa por dizer.

Depois de várias sessões de quimioterapia e sem resultados promissores, o oncologista que o estava a seguir, o Dr. David Porter, sugeriu que Olson poderia vir a precisar de um transplante de medula óssea.

O corpo de Olson já não estava a reagir à quimioterapia e chegou a um ponto em que 50% das células da medula óssea já estavam cancerosas.

Além do transplante de medula óssea, o Dr. Porter falou também na possibilidade do paciente participar num estudo de terapia com células CAR-T.

Uma vez que Olson queria evitar o transplante, optou por participar no estudo.

Em que consiste a terapia com células CAR-T

A terapia baseia-se no uso dos glóbulos brancos do paciente, que são modificados geneticamente em laboratório para destruírem o cancro e reintroduzidos no sistema por via intravenosa.

As células CAR-T derivam das células que fazem parte do sistema de defesa, as células T.

Depois de modificadas geneticamente, estão aptas para reconhecerem células específicas do cancro e destruí-las.

Mais de 10 anos depois do tratamento, não há sinal de qualquer tipo de cancro em Doug Olson.

“Atualmente estou muito bem. Sou muito ativo. Até 2018 eu estava a correr meias-maratonas”, disse Olson, de 75 anos.

Dois casos de remissões de leucemia que duram há mais de 10 anos

A história de Olson é contada num artigo publicado pela revista Nature, esta quarta-feira.

“O resultado ultrapassou as minhas mais altas expectativas, não esperava que a resposta fosse tão
poderosa e tão rápida”, admitiu David Porter, oncologista e investigador na Universidade de Pensilvânia, nos EUA, e um dos autores do estudo publicado na Nature.

Na terça-feira, a revista organizou uma conferência de imprensa onde falaram sobre dois casos de remissões da leucemia que duram há mais de 10 anos, um deles diz respeito a Olson.

Durante 10 anos, os pacientes foram acompanhados, fizeram vários testes e as células modificadas que tinham recebido foram monitorizaram pelo corpo clínico.

Os dois pacientes conseguiram uma remissão completa no ano em que iniciaram a terapia, revela o estudo.

Os médicos dizem que estes dois casos são a prova de que a terapia com células CAR-T pode atacar o cancro de uma forma imediata, depois de permanecer no corpo durante anos e evoluir para manter a doença sob controlo.

“Agora, podemos concluir que as células CAR-T podem realmente curar pacientes com leucemia”, disse o Dr. Carl June, um dos autores do estudo.

Um outro paciente, Bill Ludwig, teve resultados semelhantes aos de Olson.

Mas Ludwig já não pode contar a sua história uma vez que morreu no início de 2021 com complicações derivadas da covid-19.

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