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Tutti frutti: pacto do Bloco Central, assessor fantasma de Medina, favores a amigos

Esta semana houve novas revelações desta operação na autarquia de Lisboa que envolve alegados crimes cometidos por Fernando Medina e Duarte Cordeiro, dois ministros com pastas importantes no Executivo de António Costa. Os partidos do Parlamento exigem explicações rápidas sobre estas acusações.

Fernando Medina e Duarte Cordeiro
Manuel Almeida

SIC Notícias

Os ministros das Finanças e do Ambiente são suspeitos no processo que há sete anos investiga crimes na câmara de Lisboa. Terá havido um alegado pacto entre o PS e PSD para troca de favores e que envolveria também Sérgio Azevedo, ex-vice presidente da bancada parlamentar social democrata.

A informação consta de despachos do processo divulgados ontem pela TVI. Fernando Medina e Duarte Cordeiro dizem que nunca foram ouvidos pelo Ministério Público e garantem que as insinuações são falsas.

Os ministros das Finanças e do Ambiente são suspeitos na chamada Operação Tutti Frutti, que investiga crimes na autarquia de Lisboa e um alegado pacto entre PS e PSD.

A investigação conta com sete anos e começou com denúncias anónimas que envolviam Sérgio Azevedo, ex-vice presidente da bancada parlamentar do PSD.

Em causa, estaria um alegado esquema de tráfico de influências, no qual o então deputado dava instruções a empresários amigos sobre como poderiam assinar contratos com juntas de freguesia em Lisboa.

Mas há cinco anos, Fernando Medina entrou na mira dos inspetores da Polícia Judiciária e da procuradora do Ministério Público (MP), Andreia Marques.

Durante buscas a vários locais, incluindo ao seu gabinete, na altura em presidente da autarquia, é apreendida a caixa de correio eletrónico de Medina.

Segundo informações da TVI, foram encontrados centenas de emails com relevância criminal que levam o MP a acreditar na existência de um pacto de não agressão entre PS e PSD.

De um lado, os socialistas apresentariam candidatos fracos às Juntas de Freguesia de Areeiro, Estrela e Santo António.

Do outro lado, Medina - que ganhou as autárquicas de 2017 sem maioria absoluta -, ganharia apoio para a aprovação dos orçamentos.

Os dois partidos facilitariam também a nomeação dos chamados boys e a atribuição de contratos públicos a empresas ligadas aos dois partidos do bloco central.

Em causa estão crimes de corrupção que o atual ministro das Finanças nega, salientando que não foi ouvido pelas autoridades.

Nas buscas feitas, os investigadores terão ainda encontrado indícios do crime de prevaricação, de dinheiro público desviado para pagar um assessor que escrevia os comentários de televisão e artigos de opinião de Medina, enquanto comentador.

Neste processo, aparece ainda Luís Filipe Vieira, que terá pedido ajuda para a Câmara fazer uma vistoria a um prédio do filho, mas há outro ministro socialista envolvido: Duarte Cordeiro, agora titular da pasta do Ambiente, que foi de 2015 a 2019 vice presidente da autarquia lisboeta, é suspeito de ter influenciado projetos urbanísticos.

"As supostas considerações que me dizem respeito apresentadas na reportagem da TVI são falsas e caluniosas, não tem qualquer adesão à realidade e não estão suportadas por nenhum facto", esclareceu o ministro.

Sérgio Azevedo, um dos principais suspeitos, afastou-se da política desde que o caso começou. Garante à SIC que não é arguido, nem nunca foi ouvido pelas autoridades.

Nas redes sociais, Luís Montenegro veio apelar a que a justiça seja rápida para se tirarem consequências.

Partidos exigem explicações

A maioria dos partidos exige explicações dos ministros Fernando Medina e Duarte cordeiro. O secretário-geral social democrata diz que o partido será rigoroso na defesa da lei.

“O PSD será intransigente na decência ética da normalidade democrática e da legalidade e não compactuará com qualquer falha a este nível”, explicou Hugo Soares.

Já o Chega, frisa mais a posição de Fernando Medina

“Aquilo que nós percebemos é que Fernando Medina e Duarte Cordeiro não têm condições para continuar neste Governo”, comentou o líder da bancada parlamentar do Chega.

A Iniciativa Liberal referiu que é obrigatório que sejam dadas explicações em variados fóruns apropriados para tal, seja aos cidadãos ou aos investigadores.

“Qualquer ator político tem de estar sempre disponível para dar explicações, seja junto à imprensa, seja junto dos fóruns políticos ou judiciais quando estão a decorrer investigações”, explicou Rodrigo Saraiva.

O PCP e o Livre concordaram com esta linha de pensamento, e a deputada comunista Alma Riviera afirmou que “todos têm de responder perante a lei” e Rui Tavares quer ver “esclarecidas as notícias”.

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