Falando à imprensa portuguesa à chegada à cidade francesa de Estrasburgo, antes de um jantar com eurodeputados portugueses e com membros da diáspora portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa contextualizou que "são agora tempos mais difíceis do que eram na altura" dado que "não havia guerra nem pandemia".
"Eu amanhã falarei no Parlamento Europeu. Não deixa de ser curioso que mal eu fui eleito pela primeira vez, um mês e quatro dias depois, estava a falar no Parlamento Europeu para mostrar o empenho europeu de Portugal e era outro mundo completamente diferente e outra Europa. Agora, uma Europa diferente, um mundo diferente e regresso como convidado, não tanto para participar no debate, mas para também dizer em poucas palavras aquilo que Portugal pensa acerca dos desafios da Europa", referiu o chefe de Estado português.
"Eu vou falar sobre a Europa, especificamente os desafios da Europa, e, portanto, é aquilo que eu vou dizer. Naturalmente, respeita à representação de Portugal como um todo, cobre todos os órgãos de soberania", assinalou, quando questionando se iria mencionar o Governo na sua intervenção. Escusando-se a comentar as divergências da política nacional, Marcelo Rebelo de Sousa reforçou que irá abordar "os grandes desafios que se colocam à Europa".
A visita a Estrasburgo surge numa altura de divergência entre o chefe de Estado e o primeiro-ministro português, António Costa, em relação à permanência no Governo do ministro das Infraestruturas, João Galamba.
Na passada quinta-feira, numa comunicação ao país, o Presidente da República prometeu que estará "ainda mais atento e mais interveniente no dia a dia" para prevenir fatores de conflito que deteriorem as instituições e "evitar o recurso a poderes de exercício excecional".
O chefe de Estado qualificou a sua discordância em relação à decisão do primeiro-ministro de manter João Galamba como ministro das Infraestruturas como uma "divergência de fundo" e considerou que essa decisão de António Costa tem custos "na credibilidade, na confiabilidade, na autoridade do ministro, do Governo e do Estado".
"O que sucedeu terá outros efeitos no futuro. Terei de estar ainda mais atento à questão da responsabilidade política e administrativa dos que mandam, porque até agora eu julgava que sobre essa matéria existia, com mais ou menos distância temporal, acordo no essencial. Viu-se que não, que há uma diferença de fundo", adiantou na ocasião.