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Viver numa barraca: “É difícil aguentar o frio até ir parar ao hospital”

Há ano e meio Judite deixou de conseguir pagar a renda e viu-se obrigada a ir morar para o bairro Terras da Costa, em Almada. À SIC conta como é viver em condições precárias.

SIC Notícias

Trinta anos depois do Plano Especial de Realojamento, ainda existem bairros de barracas e habitação precária nos grandes centros urbanos. É o caso do Terras da Costa, em Almada, que há 40 anos recebe quem não tem casa.

Judite Sanches foi uma das últimas a chegar ao bairro Terras da Costa. Veio para Portugal com o filho doente ao abrigo de um protocolo de saúde. Há ano e meio deixou de conseguir pagar a renda.

“Eu tenho uma amiga, como se fosse minha irmã, que é daqui, deu-me aqui abrigo, eu e o meu filho ficámos com ela três meses. Depois achei este terreno vazio, fiz esta construção e fiquei aqui”, contou à SIC Judite.

Construiu aquilo a que chama casa sozinha e mobiliou-a com o que os outros deitaram fora.

“Todo o móvel vem de lixo, até essa porta”.

“Todos os meses tinha de pagar 400 euros de renda de casa. Eu recebia 500, o meu filho quando saiu do hospital ficou paraplégico, necessita de fraldas, algália. Eu gostava de morar numa casa, mas com dinheiro para, durante o mês, comprar as coisas para o meu filho”.

O bairro Terras da Costa já teve diferentes planos de realojamento e iniciativas de ONGs, mas pouco ou nada mudam. É lá que continuam a viver mais de 100 famílias em condições precárias.

“Passo muito mal com frio, visto muita roupa, peúgas, carapuço. É difícil aguentar o frio até ir parar ao hospital. Dá muita dor no osso”, conta a moradora.

Contactada pela SIC, a Câmara de Almada diz que o bairro Terras da Costa vai ser intervencionado com fundos do PRR.

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