O comandante do NRP Mondego, o primeiro-tenente Vasco Lopes Pires, diz que o problema no motor foi resolvido no dia a seguir aos militares terem recusado o acompanhamento.
"O motor foi reparado logo no dia a seguir, ou seja, no domingo, e neste momento está em fase de testes para o dar como 100% operacional", afirma.
O primeiro-tentente Vasco Lopes Pires garante que a guarnição continua a cumprir as rotinas de bordo.
Marinha sem dinheiro para fazer manutenção de navios
A Marinha portuguesa não tem verbas para manutenção e acumulou um défice de 120 milhões de euros em manutenção nos últimos 5 anos.
A falta de verbas para as reparações na Armada portuguesa terá contribuído para a insubordinação dos 13 militares que este fim de semana se recusaram a acompanhar um navio russo ao largo da ilha de Porto Santo.
O semanário Expresso cita um documento apresentado pelo chefe do Estado-Maior da Armada, o almirante Gouveia e Melo que mostra que, nos últimos cinco anos, a Marinha precisava, em média, de mais 23,8 milhões de euros por ano só para cumprir os ciclos de manutenção dos navios.
São 120 milhões de euros de défice que obrigaram a adiar reparações nos navios de guerra e na operação da Marinha portuguesa.
Marinha avança com processos disciplinares
A Marinha vai avançar com um processo interno de âmbito disciplinar aos 13 militares que recusaram embarcar no NRP Mondego, alegando razões de segurança, o que levou a Marinha a não cumprir uma missão de acompanhamento de um navio russo a norte da ilha de Porto Santo, na Madeira.
Além disso, e por considerar que pode estar em causa matéria criminal, a Armada já passou informação à Polícia Judiciária Militar (PJM).
Previsões de ondulação entre 2,5 a 3 metros
De acordo com um documento elaborado pelos 13 militares em questão, a que a Lusa teve acesso, no sábado à noite o NRP Mondego recebeu ordem para "fazer o acompanhamento de um navio russo a norte do Porto Santo", numa altura em que as previsões meteorológicas "apontavam para ondulação de 2,5 a 3 metros".
Segundo estes 13 militares, o próprio comandante do NRP Mondego "assumiu, perante a guarnição, que não se sentia confortável em largar com as limitações técnicas" do navio.
Entre as várias limitações técnicas invocadas pelos militares constava designadamente o facto de um motor e um gerador de energia elétrica estarem inoperacionais.
Navio não possui “sistema de esgoto adequado”
Acrescia ainda, de acordo com os 13 militares, que o navio "não possui um sistema de esgoto adequado para armazenar os resíduos oleosos a bordo, ficando estes acumulados nos porões, aumentando significativamente o risco de incêndio".