O primeiro-ministro recusou esta quarta-feira a ideia de que lidere uma maioria de Governo requentada e cansada, contrapondo que muitos dos seus ministros são novos e que não havia uma maioria absoluta em Portugal desde 2009.
Na quinta-feira passada, em entrevista à RTP e ao jornal Público, o Presidente da República considerou que o PS está a governar com uma "maioria requentada" e "cansada" e que teve "um ano praticamente perdido", mas que na oposição à direita não existe ainda "alternativa política".
E António Costa o que tem a dizer?
António Costa começou por frisar que, em 30 de janeiro de 2022, "os portugueses escolheram para prosseguir a governação" socialista até 2026.
"Tendo em conta que não havia uma maioria desde 2009, uma maioria em 2022 não é seguramente requentada", sustentou.
Mas o líder do executivo foi mais longe na sua resposta sobre se o seu Governo está cansado.
"Não vejo porquê. A generalidade dos ministros são novos, não eram ministros anteriormente. Portanto, era o que faltava estarem cansados - e basta vê-los para verem que estão plenos de energia para governar neste percurso que temos até 2026", declarou.
“Compete-me governar” não comentar
O primeiro-ministro deixou outra farpa, acentuando que "nunca comenta questões de política externa no exterior" e que mesmo em Portugal não lhe compete "fazer comentário político".
"Sou primeiro-ministro. Compete-me governar, identificar problemas e trabalhar para encontrar soluções para os problemas. Foi assim que fiz quando o sistema financeiro estava num caos, perante o procedimento por défice excessivo e foi assim que fez para que se pudesse vencer a pandemia [da covid-19] e é assim que estou a fazer para enfrentar esta situação inesperada, gravíssima, por uma guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia", apontou.
Desta forma, António Costa procurou também frisar a ideia referente à conjuntura em que assumiu funções de primeiro-ministro desde novembro de 2016, enfrentado “desafios como a crise financeira, o procedimento por défice excessivo [da União Europeia contra Portugal], a pandemia da covid-19, a guerra e a inflação”.
"Não são o cenário de sonho para governar, mas as pessoas não governam nos cenários que escolhem. São escolhidas para governar perante os cenários que existem", acrescentou.
Costa “está em boa forma”, diz Sánchez
António Costa falava no final da 34.ª Cimeira Luso Espanhola, em Lanzarote, no arquipélago das Canárias, tendo ao seu lado o líder do executivo de Espanha, Pedro Sánchez, que também negou a ideia de cansaço e que considerou que o primeiro-ministro de Portugal "está em muito boa forma".