A igualdade salarial é, ainda, uma meta difícil de alcançar para as mulheres que, em Portugal, ganham menos 13% do que os homens. No Dia Internacional da Mulher faz-se a reflexão do caminho que há ainda a fazer por cá.
Faz sentido pensar sobre o que mudou e o que ainda há a fazer mesmo para quem se considera uma felizarda por não ter encontrado pedras no caminho até chegar ao topo do grupo onde trabalha, em Portugal.
"Nunca senti discriminação, mas não me posso esquecer que trabalho numa empresa nórdica que há uma década trabalha a igualdade", refere Ana Machado
No caso de Ana, a vontade de ser mãe fê-la regressar a Portugal e o grupo insistiu em mantê-la num cargo de liderança.
"Nunca sentimos aquele peso de, agora, vou engravidar e vou perder a minha colocação ou a minha posição até porque a empresa incentiva a isso [à maternidade]. Não tive de escolher entre ser uma boa mãe ou uma boa profissional, não tive de abdicar das minhas duas paixões", concluiu.
A lei é também justa e cumprida quanto à tabela salarial para homens e mulheres na magistratura, mas a discriminação encontra diversos caminhos quando se apresenta a licença de maternidade.
"Não devia, mas é verbalizado que é uma chatice ter mulheres na magistratura porque depois temos de lidar com estas questões de ausência ao serviço por questões de maternidade. Isto é de repudiar e o sistema tem de encontrar uma maneira de lidar com esta situação", refere a presidente da Associação de juízas portuguesas, Paula Pinto.
Licenças que podem prejudicar o mérito, avaliado em inspeções judiciais e necessário para chegar a tribunais que pela sua especialização conferem lugares com melhores salários.
Mulheres ganham menos 13% do que os homens
Apesar da lei que vigora, desde 2019, para a igualdade de salários, foram notificadas no último mês pela Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) mais de 1500 empresas com diferenças de remuneração. Os últimos dados, referentes a 2020, mostram que as mulheres ganham menos 13% do que os homens.
Carla Tavares, presidente da Comissão para a Igualdade no Trabalho e Emprego acredita que em termos legislativos Portugal fez tudo o que podia e espera que a transparência salarial nas empresas possa vir a ajudar a combater a discriminação.
"Vai-nos permitir perceber qual a origem das diferenças salariais que, ainda, persistem entre mulheres e homens".
A proposta para haver transparência salarial foi apresentada pela Comissão Europeia e poderá ser aprovada em breve no Parlamento Europeu.