O líder do PSD não poupou nas críticas dirigidas ao Governo de António Costa. Luís Montenegro falou numa conferência de imprensa, a minutos depois de ter sido revelada a remodelação no Governo. Num duro discurso, Montenegro recorre a "crise governativa" para descrever a situação em que o país vive e considera que António Costa "perdeu a capacidade de recrutamento".
REMODELAÇÃO NO GOVERNO
O Governo que entrou em funções em março tem somado saídas, sendo a mais recente, a de Pedro Nuno Santos, que estava à frente de uma das pastas mais importantes. Luís Montenegro sublinha que o primeiro-ministro tem "andado desaparecido" e exige explicações.
"No momento de maior crise no Governo, António Costa desapareceu, não deu explicações e vai reaparecer hoje de braços caídos a ir ao banco de reservas fazer uma remodelação que nem isso é", entende Montenegro, sabendo que o primeiro-ministro vai discursar ao país pouco depois.
O líder do PSD frisa que o primeiro-ministro "perdeu a capacidade de recrutamento".
CRISE GOVERNATIVA
As referências à crise governativa não faltaram no discurso de Montenegro, que aponta o dedo ao chefe do Executivo.
“A crise governativa tem um responsável: António Costa”, anuncia o líder do PSD.
O novo ano começou e isso serviu de mote para arrancar um discurso que englobou os erros da maioria absoluta.
"O ano de 2022 foi mais um ano perdido e foi inesperadamente um ano de brutal instabilidade governativa".
Montenegro deixa uma proposta: "ou Governo muda de vida ou os portugueses exigirão mudar de Governo".
O respeito pelas regras da democracia caiu quando o PS, com a maioria absoluta concedida pelos portugueses, "ofereceu condições de governabilidade únicas e só irresponsavelmente desperdiçáveis".
CRÍTICAS A FERNANDO MEDINA
Luís Montenegro não se ficou pelas críticas ao primeiro-ministro e seguiu para Fernando Medina, que considera ser “um peso morto” no Governo.
“Se eu fosse primeiro-ministro e tivesse um ministro das Finanças que tivesse este comportamento, sairia do Governo, o que o primeiro-ministro vai fazer é manter um peso morto no Governo, está desprovido de autoridade”, criticou.
Quase a terminar a conferência de imprensa, o líder do PSD esclarece que “não é o tempo para abrir uma crise política” e que o “PSD não tem pressa de ir para o Governo”, mas que “os portugueses têm pressa de ter um bom Governo”.
Questionado como votará o PSD a moção de censura ao Governo apresentada pela Iniciativa Liberal, Luís Montenegro remeteu para terça-feira o anúncio da posição do partido.
De férias no México, o líder do PSD antecipou o regresso a Portugal para se reunir com a Comissão Permanente Nacional do partido. Luís Montenegro lançou críticas ao Governo de António Costa, do outro lado do oceano, perante as recentes demissões.
Recorde-se que no Twitter, Montenegro afirmou que o PS traiu a confiança do povo português e garantiu que o PSD continuará a exigir “as explicações que faltam”.
O PSD tinha requerido um debate de urgência com o primeiro-ministro para esta quarta-feira, cujo tema é “situação política e a crise no Governo”, na sequência da demissão de Pedro Nuno Santos.