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Listas de espera para cirurgia? Situação já era preocupante mas piorou este ano

E há duas especialidades em que o incumprimento dos prazos máximos de espera é ainda maior: oncologia e cardiologia.

SIC Notícias

A situação era preocupante mas piorou em 2022. Em grande parte dos hospitais públicos foram ultrapassados os tempos máximos de espera previstos na lei para consultas e também cirurgias, sobretudo nas áreas de oncologia e cardiologia. A conclusão é da Entidade Reguladora da Saúde (ERS).

“Estamos a falar de áreas que julgo que ainda tem relação com aquilo que foi a pandemia, ou seja, muitos doentes acabaram por ficar para trás, muitos diagnósticos ficaram por fazer”, refere o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães.

Os números analisados pela ERS mostram que apesar do aumento das cirurgias e consultas relativamente ao primeiro semestre de 2021, a lista de espera continua a aumentar.

Nos primeiros seis meses, um doente oncológico esperou em média 27,5 dias (em 2021 esperou 21,5 dias) pela cirurgia com a taxa de incumprimento de 22% (mais um ponto percentual do que em 2021) a crescer nas cinco regiões de saúde. Para cerca de 51%, a primeira consulta não respeita o tempo previsto (em 2021, esta percentagem era de 32%).

Na cardiologia, há mais primeiras consultas do que no ano passado mas ainda assim a grande maioria dos utentes espera mais do que o está definido na lei.

A análise da ERS não inclui o tempo de espera para exames e meios complementares de diagnóstico, e não particulariza no caso oncológico quais os tumores sendo que a urgência cirúrgica é variável.

“É preciso fazer mais, é preciso não apenas normalizar a situação ainda é preciso recuperar. Normalizar é começar a fazer num ano aquilo que já se fazia em 2019, um bocadinho mais. Recuperar significava fazer isto e mais 30/40%, (…) É óbvio que se expandirmos isto ao setor social e privado no sentido de ajudar quando as listas de espera começam a não ser cumpridas, (…) podemos ter aqui uma ajuda importante para que esta situação possa ser resolvida”, sugeriu Miguel Guimarães.

Até junho de 2022, nas várias especialidades foram realizadas no SNS mais de 265 mil cirurgias programadas - um aumento de 18% em relação ao ano anterior

Apesar de ter diminuído ligeiramente o incumprimento, a lista de espera para cirurgias continua a aumentar. No primeiro semestre mais de 167 mil doentes aguardavam por uma operação. Já nas primeiras consultas de especialidade realizaram-se mais de 587 mil a pedido dos centros de saúde mas piorou (37%) o incumprimento dos prazos máximos previstos na lei.

A monitorização da ERS mostra ainda que a capacidade de resposta para consultas e cirurgias varia de hospital para hospital.

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