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Isaltino Morais acusado de prevaricação em novo processo

Oito anos depois de sair da prisão.

Diogo Torres

Oito anos depois de sair da prisão, Isaltino Morais é acusado de prevaricação de titular de cargo político, num novo processo.

A SIC teve acesso, em exclusivo, à acusação em que o Ministério Público diz que o presidente da Câmara Municipal de Oeiras beneficiou uma empresa de construção civil em várias parcerias público-privadas, que terão lesado a autarquia em milhões de euros.

Na acusação é escrito que era intenção de Isaltino Morais realizar obras de grande envergadura, para mostrar obra feita e ter maior probabilidade de ser reeleito nas eleições autárquicas de 2009.

O problema? O limite de endividamento da Câmara de Oeiras. A solução? Um modelo de parcerias público-privadas sempre com a mesma empresa de construção civil: a MRG.

O Ministério Público (MP) fala de concursos viciados, moldados à imagem da MRG. Anunciados com prazos “muito curtos”, para dificultar os concorrentes, e com a garantia de que, nas mãos da empresa, estaria, a tempo, informação privilegiada.

O MP diz que foi este o modelo de negócio usado para a construção do Centro de Congresso de Oeiras. As obras ficaram a meio, numa altura em que já tinham sido gastos 12 milhões de euros.

Agora resta apenas a estrutura de betão, entregue ao vento e à chuva, ainda que já esteja anunciado o retomar das obras.

Sediada em Seia, mas com os escritórios principais em Coimbra, a empresa de construção civil terá sido beneficiada, tal como em Oeiras, em parcerias público-privadas em Mafra e Odivelas.

A construtora tem estado a ser julgada pelo mesmo tipo de esquema, num processo de corrupção que envolve o eurodeputado e antigo autarca de Gouveia, Álvaro Amaro, o atual presidente de Câmara de Alcobaça e o antigo dirigente de Trancoso.

O processo ligado a Oeiras, Mafra e Odivelas já leva mais de uma década. As buscas ocorreram em 2012, mas só agora dão origem a uma acusação contra oito arguidos.

Isaltino Morais é acusado de prevaricação de titular de cargo político. O crime, que vai de dois a oito anos de prisão, é apontado também a Paulo Vistas, antigo vice-presidente.

A acusação também aponta aos antigos autarcas de Odivelas e Mafra, Susana Amador e José Ministro dos Santos.

Às mãos do presidente da Assembleia da República já chegou a acusação que pede, em caso de condenações, a perda de mandato e o impedimento de se recandidataram aos cargos os antigos e atuais presidentes de Câmara.

Acusado de um crime, Isaltino Morais arrisca novo julgamento e uma pena de cadeia, de onde saiu há oito anos.

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