Nos primeiros seis de meses de atividade, a Comissão para o Estudo dos Abusos Sexuais a Crianças na Igreja Católica já validou 338 depoimentos. Desses, 17 casos foram enviados ao Ministério Público para investigação. A Comissão nota, no entanto, que tem recebido menos testemunhos e admite dificuldades em chegar a certas zonas do país.
Foi com um testemunho anónimo que a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais contra as Crianças na Igreja Católica Portuguesa começou. Os dados apurados revelam que 56,9% das vítimas que deram testemunho à comissão eram homens e 39,7% eram mulheres. Em relação aos abusadores, a maioria são homens, com predomínio de padres, mas há também mulheres, nomeadamente religiosas e catequistas
A maior parte das vítimas caracterizou os abusos sofridos como “toque de outras zonas erógenas do corpo ou beijos nas mesmas zonas” ou “manipulação de órgãos sexuais”, mas há também casos de sexo oral (15,6%), sexo anal (10,8%) ou cópula consumada (5,9%)
A Comissão acredita que o número de vítimas será muito maior do que os testemunhos que recebe. Do total de depoimentos validados, 17 foram enviados ao Ministério Público para serem investigados.
O pedopsiquiatra Pedro Strecht, coordenador do grupo de trabalho, garantiu que todos os nomes de abusadores referenciados serão enviados tanto para o Ministério Público como para a Igreja Católica Portuguesa.
Abusos cometidos a partir de 1950 por membros da Igreja Católica podem continuar a ser denunciados através do site da Comissão, mas também por telemóvel, email ou carta.
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