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Homem acusado da morte de Bruno Candé condenado a 22 anos e 9 meses de prisão

Arguido condenado por homicídio qualificado agravado por motivação racial e a pagar 120 mil euros de indemnização à família da vítima

O ator Bruno Candé foi morto a 25 de julho, vítima de um crime racista.
Bruno Simão

SIC Notícias

O homem acusado de ter baleado mortalmente o ator Bruno Candé, em julho do ano passado numa rua de Moscavide, foi hoje condenado a 22 anos de prisão por homicídio qualificado mais 2 anos por posse de arma ilegal, ficando com uma pena única de 22 anos e nove meses de prisão decretada pelo Tribunal de Loures.

Evaristo Marinho “mostrou frieza de ânimo e reflexão sobre os factos”, disse a juíza presidente do coletivo na leitura da sentença que determinou ainda o pagamento de120 mil euros de indemnização para a família da vítima.

O acórdão refere que ficou demonstrado que o arguido foi motivado por ódio racial e que o homicídio foi premeditado.

Na leitura do acórdão a juíza presidente começou por referir que o caso era simples na medida em que havia testemunhas e que o próprio arguido tinha confessado. O tribunal considerou que o arguido agiu com frieza e sem arrependimento, tendo a magistrada sublinhado por cinco vezes que o arguido não tinha demonstrado arrependimento.

Feita Justiça e História em Portugal

À saída do tribunal de Loures, o advogado da família, José Semedo Fernandes, considerou que foi feita Justiça e que também foi feita História com a condenação com a agravante de ódio racial.

Acusação de crime de homicídio agravado por ódio racial

O homem, de 76 anos, atirou sobre Bruno Candé em Moscavide, no concelho de Loures (Lisboa), em 25 de julho de 2020. Foi a julgamento acusado de crime de homicídio qualificado, crime que é agravado por ódio racial.

Segundo o despacho do Ministério Público (MP), a que a agência Lusa teve acesso, o arguido afirmou durante uma discussão com a vítima, em 22 de julho de 2020, entre outros impropérios: "Vai para a tua terra, preto! Tens toda a família na senzala e devias também lá estar!".

Durante a discussão, na via pública, o arguido levantou a bengala em direção ao ator Bruno Candé, ameaçando-o de morte e fazendo referência à cor do cidadão, segundo o MP.

De seguida, refere o MP, Bruno Candé entrou num veículo, tendo o arguido ainda gritado "tenho lá armas em casa do Ultramar e vou-te matar".

Nos dias seguintes, o arguido passou diversas vezes na mesma rua com uma pistola calibre 7,65 milímetros, esperando voltar a encontrar a vítima, que habitualmente passeava a cadela no local.

Ministério Público pede pelo menos 22 anos de prisão para acusado de matar Bruno Candé

Nas alegações finais, o MP pediu uma pena não inferior a 22 anos de prisão efetiva para o arguido.

De acordo com o Ministério Público, os "factos são extremamente graves" e o arguido terá tirado a vida de Bruno Candé "de uma forma fria".

O MP alertou ainda para a postura do arguido que, durante as sessões de julgamento, demonstrou "indiferença" relativamente ao crime.

Em 13 de maio, na primeira audiência do julgamento, o homem confessou o assassínio ao dizer ter disparado seis tiros contra o ator Bruno Candé.

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