Guerra no Médio Oriente

Israel abre nova rota durante 48 horas para evacuar cidade de Gaza

A maioria dos refugiados encontra-se no oeste da cidade de Gaza, em acampamentos à beira-mar, para onde o exército israelita lhes ordenou que se deslocassem, à medida que a ofensiva na zona avança a partir de leste e norte.

Dawoud Abu Alkas

Lusa

Israel vai abrir, esta quarta-feira, às 12:00 (10:00 em Lisboa), e durante 48 horas, uma segunda estrada que atravessa a Faixa de Gaza, para obrigar a população a abandonar a cidade de Gaza.

"Poderão viajar pela autoestrada Salah al-Din e depois continuar para sul a partir de Wadi Gaza [centro]", lê-se num comunicado do porta-voz do exército de Israel em árabe, Avichay Adraee, na rede social X.

Salah al-Din atravessa a Faixa de Gaza de norte a sul, no leste do enclave, paralelamente à fronteira com o território israelita. A outra rota já aberta, a autoestrada Rashid, também atravessa todo o enclave, mas no oeste, em paralelo com a costa.

No entanto, a maioria dos refugiados encontra-se no oeste da cidade de Gaza, em acampamentos à beira-mar, para onde o exército israelita lhes ordenou que se deslocassem, à medida que a ofensiva na zona avança a partir de leste e norte.

Questionado pela agência de notícias EFE se as forças armadas vão garantir algum tipo de percurso seguro do oeste da cidade de Gaza para leste, para que a população possa chegar à estrada Salah al-Din, Adraee não comentou.

O porta-voz do exército de Israel disse que esta rota permanecerá aberta até sexta-feira, às 12:00 (10:00 em Lisboa).

Na terça-feira, depois de o exército israelita ter iniciado uma operação terrestre na capital e após um mês de intensos bombardeamentos contra a população, milhares de pessoas dirigiram-se para a autoestrada Rashid para tentar fugir aos ataques.

No entanto, tal como em agosto, a estrada estava congestionada com veículos e pessoas que transportavam os pertences a pé, tentando escapar.

Quando a EFE fez o mesmo percurso no sábado, demorou cinco horas a percorrer os cerca de 25 quilómetros que separam as praias de Mawasi (sul) das da cidade de Gaza (norte).

A sobrelotação da rota, somada aos preços exorbitantes de tudo o que envolve a viagem e à falta de espaço na área designada pelo exército para os refugiados em Mawasi, além do cansaço após mais de dois anos de constantes evacuações, estão a levar muitos a regressar à cidade de Gaza ou a simplesmente não partir.

Embora o exército estime que cerca de 350 mil pessoas tenham deixado a capital desde meados de agosto, os dados divulgados pelo Gabinete das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários estimam o número em cerca de 150 mil.

Uma comissão independente da ONU, relatores de direitos humanos, organizações internacionais e um número crescente de países descreveram como genocídio a ofensiva militar de Israel contra a Faixa de Gaza, na qual morreram quase 65 mil pessoas, em resposta aos ataques do movimento islamita palestiniano Hamas contra solo israelita, a 07 de outubro de 2023.

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