O eurodeputado do CDS-PP lamentou esta terça-feira que Portugal não tenha conseguido uma vice-presidência na nova Comissão Europeia, afirmando esperar que a pasta atribuída ao país, da Coesão e Reformas.
"Lamento que [Elisa Ferreira] não possa ter sido escolhida como uma das várias vice-presidentes de vários países, inclusivamente alguns pequenos e médios da UE", afirmou em declarações à agência Lusa, em Bruxelas, o eurodeputado centrista, Nuno Melo.
Numa reação ao anúncio da pasta portuguesa, feito pela presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, o eleito do CDS-PP considerou que a pasta "é muito importante para a União Europeia porque os mecanismos de coesão e as questões energéticas são fulcrais em qualquer país e projeto político".
Segundo Nuno Melo, seria "particularmente útil para Portugal, se a dra. Elisa Ferreira for capaz de dar conta desse recado".Para isso, deixou "duas sugestões",
"Em matéria de coesão, nós sabemos que Portugal, naquilo que para já está pré determinado, é um dos países que poderá perder muito em matéria de fundos de coesão e, portanto, caberá à dra. Elisa Ferreira inverter esse quadro, até por razões de justiça óbvia em relação a um país como Portugal, que sofre particularmente os efeitos do aquecimento global, necessita de preservar recursos aquíferos e tem problemas de coesão que justificam um reforço e não uma diminuição das verbas", precisou.
Já assinalando que "a dra.Elisa Ferreira ficará ligada a novos padrões energéticos", Nuno Melo destacou a "importância de um corredor energético através de Espanha, que permitia ligar Portugal ao resto da Europa, com vantagem para todo o projeto europeu".
"Hoje, do ponto de vista energético, a UE é completamente dependente da energia a leste, nomeadamente proveniente da Rússia, e Portugal poderia ajudar a compensar dependência, desde que franceses e espanhóis estivessem disponíveis a ajudar que a energia que Portugal produz e não utiliza ficasse disponível para o resto dos europeus", observou. Para o eurodeputado centrista, "a Dra. Elisa Ferreira pode, manifestamente, interferir nestas áreas".
A comissária designada por Portugal para integrar o futuro executivo comunitário, Elisa Ferreira, terá a pasta da Coesão e Reformas, anunciou hoje a presidente eleita da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, em Bruxelas.
Os 26 comissários designados (o Reino Unido, que deverá deixar o bloco europeu em 31 de outubro, na véspera da entrada em funções do novo executivo, não designou candidato) serão agora sujeitos a audições no Parlamento Europeu, perante a comissão parlamentar competente, o que deverá acontecer no início de outubro, com a assembleia europeia a pronunciar-se sobre o colégio no seu conjunto numa votação prevista para 22 de outubro, em Estrasburgo.
A nova Comissão Europeia deverá entrar em funções em 1 de novembro, depois do necessário aval da assembleia europeia.Elisa Ferreira, 63 anos, foi ministra dos governos chefiados por António Guterres, primeiro do Ambiente, entre 1995 e 1999, e depois do Planeamento, entre 1999 e 2002, foi eurodeputada entre 2004 e 2016, tendo ocupado desde setembro de 2017 o cargo de vice-governadora do Banco de Portugal.
A futura comissária, a primeira mulher portuguesa a integrar o executivo comunitário desde a adesão de Portugal à comunidade europeia (1986), sucederá a Carlos Moedas, que foi comissário indicado pelo anterior governo PSD/CDS-PP, e que teve a seu cargo a pasta da Investigação, Ciência e Inovação e foi nomeado em novembro de 2014.
Lusa