País

Provas "apagadas ou destruídas" na auditoria da Proteção Civil aos fogos de Pedrógão

O relatório da auditoria interna da Autoridade Nacional de Proteção Civil ao combate ao fogo de Pedrógão Grande, de junho de 2017, aponta falhas graves à organização e denuncia documentos apagados ou destruídos no processo, noticia hoje o jornal Público.

Miguel Vidal

O relatório da Direção Nacional de Auditoria e Fiscalização da ANPC aponta falhas graves na organização inicial do combate ao incêndio de Pedrógão Grande de junho de 2017 e diz que os auditores se depararam com a inexistência de provas documentais sobre o trabalho de combate ao fogo até à conclusão dos trabalhos, em outubro de 2017.

Segundo o jornal Público que teve acesso ao relatório dos auditores que fizeram o relatório sobre o desempenho dos seus agentes no combate ao fogo, a investigação deparou-se com "limitações na obtenção de elementos de prova", informação que "pode tornar-se vital" para a avaliação posterior, nomeadamente ao nível da responsabilidade disciplinar e criminal.

Em causa estão todos os documentos que são produzidos no posto de comando de um incêndio, desde os planos de situação aos planos estratégicos de ataque, e todas as informações das três células de qualquer posto de comando (logística, planeamento e operações).

"Não foi possível aceder a um único SITAC [quadro de situação táctica] , a um único Quadro de Informação de Células, ou a um PEA [Plano Estratégico de Ação] ", lê-se no documento citado pelo Público.

"Todos estes documentos haviam sido apagados dos quadros das VCOC e VPCC [viaturas de comunicação] , ou destruídos os documentos em papel que os suportaram", acrescenta.

O relatório denuncia uma "total desorganização no combate inicial ao incêndio, que esteve sob responsabilidade do comandante dos bombeiros de Pedrógão Grande, Augusto Arnaut"

O documento diz que nas primeiras três horas do fogo, é descrito um caos, com demora na chegada de veículos de comunicação e na sua localização, por não haver rede no local inicial, e passagens de trabalho por via informal.

Terão ainda sido notadas discrepâncias nos relatos sobre o momento em que foram distribuídas as responsabilidades pelas células de combate e sobre quando foi feita a sectorização do teatro de operações.

A mesma notícia indica que o relatório, pedido pela então ministra Constança Urbano de Sousa, foi recebido já pelo atual responsável da pasta -- Eduardo Cabrita -- em meados de novembro, mas este nunca o divulgou.

Com Lusa

Últimas