País

Mário Nogueira recusa que movimento sindical esteja em silêncio

O sindicalista e dirigente do PCP Mário Nogueira congratulou-se hoje com os "passos positivos" dados no último ano em favor da escola pública e recusou que o movimento sindical esteja silenciado na atual conjuntura política.

Intervindo no segundo dia do XX Congresso do PCP, que decorre em Almada, o dirigente da Federação Nacional dos Professores (FENPROF), considerou que foram dados "no último ano passos positivos", como a gratuitidade dos manuais escolares e o corte ao financiamento a colégios privados que se alimentavam de dinheiros públicos.

Bastante aplaudido pelos delegados, Mário Nogueira recusou "o discurso" segundo o qual o movimento sindical está em silêncio, advertindo que as críticas partem dos que quiseram silenciar os sindicatos no passado.

"Mentem os que o dizem mas independentemente disso uma coisa é certa, as lutas que o movimento sindical travará é ao movimento sindical e aos trabalhadores que compete decidir", disse.

Mário Nogueira, que integra a Organização Regional do PCP/Coimbra, disse saber "a boleia que a direita quer apanhar" nas lutas dos sindicalistas, advertindo que "a luta continua mas a direita vai ter que ir a pé".

O dirigente da FENPROF frisou que os "passos positivos" em defesa da escola pública no último ano foram dados com "a ação decisiva do PCP" e desafiou os delegados a comparar "os avanços de agora com o que fez o PS quando tinha maioria absoluta".

Quanto ao Governo do PS, "tarda em passar das palavras aos atos e sobretudo tem pecado por omissões".

A escola pública "não se defende apenas com boas intenções", exige "mais investimento", "melhores condições para quem nela trabalha ou estuda" e menos alunos por turma e apoios adequados, defendeu.

A desagregação dos "mega-agrupamentos escolares e mais democratização nas escolas", tempos livres que não sejam mais tempos de escola, currículos em que não haja "matérias nobres e outras pobres" são as outras prioridades do PCP.

A manhã do segundo dia do XX Congresso do PCP, que decorre em Almada, na margem sul do Tejo, contou com intervenções de numerosos militantes que apresentaram o trabalho realizado nas respetivas organizações desde a anterior reunião magna, há quatro anos, como é habitual.

João Delgado, de Leiria, falou do setor das pescas e da "luta dos pequenos armadores e pescadores", referindo o "desespero dos profissionais face à degradação dos portos", um pouco por toda a costa portuguesa.

Já Carla Martins, da Organização Regional de Aveiro, afirmou que no distrito existem mais de 200 mil pessoas a viver "no limiar da pobreza" e estimou que o "desemprego real" atinja atualmente 80 mil pessoas.

Antónia Lopes, da Organização Regional de Setúbal do PCP, uma das mais importantes no partido, deu conta que foram recrutados 667 novos militantes e que aumentou o número de camaradas organizados por locais de trabalho.

O desemprego e a pobreza "empurram os trabalhadores para situações dramáticas" no distrito, afirmou, referindo como exemplo as cerca de "1700 pessoas envolvidas ilegalmente na apanha ilegal da amêijoa no estuário do Tejo".


Lusa

Últimas