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Advogados querem que Passos Coelho apure responsabilidade pelo "caos" nos tribunais 

A Ordem dos Advogados vai pedir ao primeiro-ministro  "o apuramento da responsabilidade" da ministra da Justiça na "paralisação  dos tribunais" e solicitar a sua intervenção para, por via legislativa,  suspender os prazos processuais até restabelecimento do sistema. 

Em mensagem dirigida a todos os advogados, a bastonária da Ordem dos  Advogados (OA), Elina Fraga, alerta para o "caos" que reina no setor desde  a implementação do novo mapa judiciário, a 01 de Setembro, com as anomalias  verificadas na plataforma informática Citius (que gere o sistema judicial)  e solicita também a intervenção do Presidente da República, Cavaco Silva,  a quem endereçou um "pedido formal de audiência". 

Apontando a inoperacionalidade da plataforma Citius e enumerando as  "ineficiências graves", como o desaparecimento eletrónico de vários processos,  desaparecimento dos apensos aos processos principais, troca de testamunhas  entre processos do mesmo mandatário ou de advogados distintos, identificação  errada das partes e ipossbilidade da prática de atos da competência de magistrados  e funcionários judiciais, a bastonária solicita ainda a intervenção da Presidente  da Assembleia da República e a atenção dos grupos parlamentares. 

Alertando para outras anomalias verificadas com a entrada da reforma  do mapa judiciário, como sejam o cancelamento e adiamento de diligências  judiciais, perigo de prescrição e de libertação de arguidos detidos ou presos  preventivos e o encerramento de alguns tribunais, Elina Fraga solicita -  face à "extrema gravidade" de tudo isto e à "ausência de resposta da ministra  da Justiça" - ao chefe do Governo, Pedro Passos Coelho, intervenha junto  de Paula Teixeira da Cruz no sentido de promover, por via legislativa, a  "suspensão de todos os prazos processuais até ao restabelecimento da normalidade  no funcionamento dos tribunais. 

Na missiva aos advogados, Elina Fraga denuncia ainda a falta de funcionários  judiciais e o "clima de intimidação", alegando que estes afirmam "não poder  falar por medo de represálias e penalizações". 

A bastonária lembra que pediu uma reunião "urgente" à ministra da Justiça,  mas que, até à data, não obteve qualquer resposta, pelo que, no âmbito das  suas atribuições, compete-lhe denunciar publicamemte "a paralisação dos  tribunais e do sistema judicial português". 

Na última semana, também a Associação Sindical dos Juízes Portuguese  e o Sindicato dos Magistrados do Ministério Público pediram explicações  ao Ministério da Justiça sobre as falhas no sistema informático Citius,  tendo o Sindicato dos Funcionários Judiciais pedido que a ministra demita  os responsáveis do Instituto de Gestão Financeiras e Equipamentos da Justiça,  que gere o sistema informático Citius. 

Na sexta-feira, a Direção-Geral da Administração da Justiça (DGAJ) pediu  a todos os utilizadores do Citius que não pratiquem "quaisquer atos no sistema  informático" e que salvaguardem, "em sistema digital autónomo, todos os  atos praticados após 1 de setembro". 

Em entrevista à RTP informação, na quarta-feira à noite, a ministra  da Justiça, Paula Teixeira da Cruz, afirmou que os problemas que estão a  afetar o acesso à plataforma informática eram expectáveis e era impossível  evitá-los. 

 

     

Lusa

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