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Alegações do MP sobre Face Oculta suspensas após pedido de nulidade do processo

As alegações finais do Ministério Público (MP) no âmbito do processo Face Oculta foram suspensas hoje à tarde, após a defensora  de Lopes Barreira apresentar um requerimento a invocar a perda da eficácia  de toda a prova produzida. 

Em causa está o princípio da continuidade da audiência, que não permite  que decorram mais de 30 dias entre duas sessões do mesmo julgamento, sem  que tenha sido produzida qualquer prova, e que poderia ditar a nulidade  do processo. 

"A última sessão onde se fez prova foi no dia 07 de fevereiro e por  isso decorreram mais de 30 dias", afirmou a advogada Teresa Alegre, requerendo  que o coletivo "se digne considerar que se perdeu a eficácia da prova produzida".

Os arguidos Manuel Godinho, Maribel Rodrigues, Hugo Godinho, João Godinho,  José Penedos, Armando Vara, O2 e SCI aderiram ao requerimento apresentado,  solicitando que seja ordenada a repetição da prova, nos presentes autos.

O juiz-presidente Raul Cordeiro decidiu indeferir o requerimento, defendendo  que depois de 7 de fevereiro foi produzida prova, em duas ocasiões diferentes,  com a junção aos autos de documentos, nomeadamente fotografias e informação  diversa. 

Devido ao incidente causado, o tribunal condenou os arguidos Lopes Barreira,  Manuel Godinho, Maribel Rodrigues, Hugo Godinho, João Godinho, Armando Vara,  José Penedos, O2 e SCI ao pagamento de 400 euros cada um. 

A decisão originou um protesto dos advogados de defesa com o defensor  dos arguidos Manuel Godinho, Maribel Rodrigues e Hugo Godinho a anunciar  que irá recorrer do despacho proferido. 

O advogado Artur Marques arguiu ainda a nulidade da decisão tomada,  bem como as respetivas implicações processuais de não repetição dos atos  de prova anteriormente produzidos. 

O advogado Tiago Rodrigues Bastos, que defende Armando Vara, também  foi duro com os juizes, criticando a condenação em custas. 

"Esta forma de entender o jogo processual torna muito difícil o relacionamento  processual dos diversos sujeitos, nomeadamente da defesa que tem sobre si  o cutelo de, cada vez que requer o que quer que seja, se ver confrontada  com a alegação da estranheza do seu comportamento e a consequente tributação",  afirmou o causídico. 

A sessão foi interrompida cerca das 17:45 e será retomada na quarta-feira  de manhã com a continuação das alegações do MP. 

O processo Face Oculta está relacionado com uma alegada rede de corrupção  que teria como objetivo o favorecimento do grupo empresarial do sucateiro  Manuel Godinho, nos negócios com empresas do setor empresarial do Estado  e privadas. 

Entre os 36 arguidos estão personalidades como Armando Vara, antigo  ministro e ex-administrador do BCP, José Penedos, ex-presidente da REN,  e o seu filho Paulo Penedos. 

 

Lusa

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