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PGR vai analisar "em toda a sua abrangência" declarações de Pinto Monteiro à SIC sobre escutas

A Procuradoria-Geral da República vai analisar,  "em toda a sua abrangência", as declarações do ex-procurador-geral da República  Pinto Monteiro sobre a existência de cópias das escutas do processo Face  Oculta, contendo conversas do ex-primeiro-ministro José Sócrates.

LUSA

"A Procuradoria-Geral da República (PGR) tomou conhecimento das declarações  em causa, que analisará em toda a sua abrangência, não fazendo, por ora,  qualquer comentário", anunciou a PGR, numa resposta enviada à agência Lusa,  a propósito da entrevista de Pinto Monteiro à SIC, transmitida no sábado passado.           

A Lusa tinha questionado a PGR nos sentido de saber se o Ministério  Público tencionava chamar o ex-PGR Pinto Monteiro a depor sobre o facto  de referir que há jornalistas e particulares que têm em seu poder cópias  das escutas telefónicas do processo Face Oculta, contendo conversas de arguidos  com José Sócrates, as quais foram mandadas destruir pelo então presidente  do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), Noronha do Nascimento. 

Também hoje, o presidente do Sindicato dos Magistrados do Ministério  Público (SMMP), Rui Cardoso, considerou "lamentável" que o ex-PGR Pinto  Monteiro tenha feito "considerações" sobre o Face Oculta quando está sujeito  ao dever de reserva. 

"Acho lamentável que um magistrado judicial jubilado, que continua sujeito  ao dever de reserva, faça considerações sobre um processo pendente, como  é o Face Oculta", disse à agência Lusa Rui Cardoso. 

O presidente do SMMP considerou que "seria importante" que o Conselho  Superior da Magistratura (órgão de gestão e disciplina) dos juízes se pronunciasse  sobre "tais declarações" do juiz jubilado Pinto Monteiro e o "eventual respeito  ou desrespeito pelo dever de reserva" a que está subordinado como magistrado.

No programa "A propósito", da SIC, falando das escutas telefónicas do  Face Oculta em que o ex-primeiro-ministro José Sócrates é interceptado em  conversas com arguidos do processo (Armando Vara), Pinto Monteiro garantiu  que as gravações, mandadas destruir pelo presidente do STJ, não continham  "nenhuma matéria crime". 

Pinto Monteiro disse ainda que foi um "erro político" o então primeiro-ministro  não ter autorizado a divulgação das escutas, acrescentando saber que há  jornalistas e particulares que têm cópias, mas que também estes não as divulgam  porque "não há nada lá". 

"Que ponham as cassetes na Sé de Braga ou no castelo e as transmitam  pelos altifalantes, que não há lá nada", desafiou o ex-PGR. 

Ricardo Sá Fernande, advogado do arguido do Face Oculta Paulo Paulo  Penedos, citado hoje pelo jornal i, defendeu que o Ministério Público deve  chamar o ex-PGR Pinto Monteiro para que este diga quem tem cópias das escutas  a Sócrates. 

Lusa

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