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Tripulação da TAP foi coagida por "membro superior" das autoridades guineenses 

A tripulação do voo da TAP de terça-feira entre  Bissau e Lisboa foi coagida por "um membro superior das autoridades de transição  guineenses", revelou hoje uma declaração de Catherine Ashton, alta representante  da União Europeia (UE). 

© Rafael Marchante / Reuters

"Um membro superior das autoridades de transição da Guiné-Bissau acompanhado  por militares obrigou a tripulação de uma aeronave da TAP a transportar  74 presumíveis cidadãos sírios com passaportes falsos, em total desrespeito  pelo direito internacional", refere a declaração. 

Para a alta representante da UE, "este incidente levanta sérias dúvidas  sobre a realidade do Estado de Direito na Guiné-Bissau e a vontade das próprias  autoridades em respeitá-lo", acrescenta na declaração de hoje, em que exprime  "profunda preocupação" com o caso.  

O incidente levou a TAP a suspender desde quarta-feira os voos entre  Portugal e a Guiné-Bissau. 

A alta representante da UE "exorta as autoridades de transição a tomar  urgentemente as medidas adequadas para evitar qualquer repetição deste tipo  de incidentes e a cumprir plenamente as suas obrigações jurídicas internacionais  e nacionais". 

Da mesma forma, Catherine Ashton pede aos dirigentes guineenses que  honrem "os seus compromissos para combater a impunidade e organizar eleições",  as primeiras desde o golpe de estado de 2012.  

A posição de Catherine Ashton surge no mesmo dia em que o ministro dos  Negócios Estrangeiros do Governo de transição guineense, Delfim da Silva,  apresentou a demissão e responsabilizou elementos ligados "à imigração e  segurança" do Estado guineense pelo incidente, segundo referiu à Lusa. 

"Para aquela gente passar aqui uns dias e depois ir para Lisboa como  foi é porque houve cumplicidade entre pessoas que tinham a obrigação de  proteger o país e não protegeram", acrescentou Delfim da Silva, sem adiantar  mais detalhes. 

Entretanto, uma comissão de inquérito criada pelo governo de transição  da Guiné-Bissau tem até quarta-feira para esclarecer o incidente com o voo  da TAP, disse à Lusa o ministro da Justiça, Saido Baldé, que preside à comissão.

     

Lusa

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