Cientistas sérvios estão a estudar a forma como larvas de farinha podem decompor poliestireno, também conhecido como esferovite, usado, por exemplo, em embalagens e recipientes de alimentos.
À agência Reuters, Larissa Ilijin, investigadora do Instituto de Biologia de Belgrado, explica que a ideia do laboratório é “acompanhar toda a cadeia de produção de alimentos à base de insetos”.
“Como sabemos, um terço dos alimentos produzidos no mundo é desperdiçado. Agora, existem diferentes fases de desperdício. Há o que chamamos de resíduos verdes, que são gerados durante a preparação dos alimentos - cascas de batata, limpeza de frutas e até mesmo aparas de parques. Tudo o que sobra após a poda dos parques é um excelente substrato para grilos, gafanhotos e insetos semelhantes que se alimentam dele”.
Esses insetos, explica a investigadora, são “extremamente ricos em proteínas e podem ser usados como aditivo na ração animal, enquanto os seus excrementos podem servir como fertilizante orgânico”.
“Além da sua alimentação natural, também consomem certos tipos de plástico”
Boris Vasilje, proprietário de uma loja de animais, diz que estas espécies podem comer qualquer coisa, mas precisam de ser treinadas para isso. “Além da sua alimentação natural, também consomem certos tipos de plástico, incluindo esferovite, que comem avidamente, bem como outros resíduos urbanos, como cartão, papel, têxteis e vários materiais de embalagem”.
Larissa Ilijin acrescenta que este método pode ser uma alternativa aos usados atualmente porque “devido à microflora e microfauna específicas no trato digestivo das larvas de farinha, elas emitem um a dois gramas de dióxido de carbono no ambiente ao biodegradar um quilo de esferovite. Por outro lado, se incinerado numa fábrica de cimento ou num incinerador de resíduos, um quilo de esferovite emite 3.960 gramas de dióxido de carbono”.
“Isso significa que a incineração, como é praticada atualmente, liberta quase 4.000 vezes mais dióxido de carbono do que quando a larva o consome", acrescenta.
O potencial das larvas de farinha pode ser bastante significativo, uma vez que comem plástico e podem ser utilizadas como ração animal. “Os seus resíduos tornam-se essencialmente um substrato, e todas as etapas do processo podem ser comercializadas e vendidas”, diz a investigadora.
O estudo é apoiado tanto pelo Governo da Sérvia como pela Organização das Nações Unidas. Existem pesquisas semelhantes nos EUA e em África