Olhares pelo Mundo

Engenheira palestiniana constrói fogão solar com madeira, vidro e espelhos partidos

A provar que a necessidade aguça o engenho, Inas al-Ghoul criou também um sistema de dessalinização. Estas invenções são formas de combater as persistentes crises energéticas e hídricas em Gaza.

Elisa Macedo

Ana Isabel Pinto

Inas al-Ghoul é uma engenheira agrónoma palestiniana que aos 51 anos se vê obrigada a usar o seu conhecimento para construir dispositivos que ajudem a enfrentar as sérias dificuldades que se vivem num território devastado pela guerra.

Com um filho para alimentar, Inas al-Ghoul construiu um fogão solar e um sistema de dessalinização para combater a falta de água potável e de energia.

Estes dispositivos podem não ser totalmente novos na região, onde as pessoas já enfrentavam dificuldades com energia e água mesmo antes da guerra, mas Inas al-Ghoul afirma que estes aparelhos que construiu são uma ajuda preciosa, não só para a sua família, mas também para amigos e vizinhos, face às graves carências que têm enfrentado no conflito que já dura há um ano.

O fogão solar é uma uma alternativa ao recurso à botija de gás, que, segundo Inas al-Ghoul, chegam a custar quase 300 euros, e o sistema de dessalinização permite fornecer água doce e potável destilada, própria para consumo.

Os dois dispositivos foram construídos com madeira, vidro e espelhos partidos.

“Ficamos física e psicologicamente devastados pelo uso de lenha”, revela, ao explicar os benefícios para a saúde de cozinhar com recurso à energia solar.

Deslocada cerca de 15 vezes desde o início da guerra em Gaza, Inas al-Ghoul disse que construiu o fogão solar para ser portátil porque assim pode levá-lo consigo quando fugir.

A engenheira agrónoma está agora de volta a casa em Khan Younis, apesar de esta estar parcialmente danificada.

A guerra começou a 7 de outubro, quando o movimento radical islâmico Hamas organizou um ataque a Israel que causou cerca de 1.200 mortos e fez ainda 250 reféns, de acordo com os registos israelitas.

A ofensiva de Israel não só matou mais de 41 mil palestinianos, segundo as autoridades de saúde locais, como também criou uma crise humanitária devido à escassez de alimentos, combustível e medicamentos, bem como de água, num território cujas habitações e infraestruturas são agora pouco mais do que escombros.

Com Reuters

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