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Investigadores britânicos procuram enzimas capazes de reciclar poliéster

O objetivo da investigação é tornar a reciclagem deste tipo de material mais eficaz. Ano após anos, milhares de toneladas de roupa são depositadas em lixeiras ou queimadas, provocando danos no ambiente.

SIC Notícias

Uma equipa de investigadores britânicos está à procura da enzima ideal para reciclar poliéster. O processo de reciclagem deste tipo de tecido, que tem na sua base plástico, é complicado e dispendioso, o que resulta em milhões de toneladas a serem depositadas em lixeiras ou a serem queimadas todos os anos.

É um dos tipos de tecido mais utilizado, chega a estar em perto de 60% das roupas usadas no mundo, segundo a Agência Europeia do Ambiente. A necessidade de tornar a produção de roupa mais sustentável levou os investigadores britânicos a procurarem uma solução.

“As taxas de reciclagem de têxteis quando chegam ao fim da vida é muito, muito baixa, tipicamente abaixo dos 10%”, explica à Reuters Andy Pickford, diretor do Centro para a Inovação de Enzimas (CEI, na sigla inglesa). “Por isso, temos um enorme desafio aqui para tentar enfrentar”, acrescenta.

O problema é que, apesar da composição do tecido, as roupas são normalmente tingidas e tratadas com químicos inflamáveis, o que prejudica o processo de reciclagem que é utilizado noutros tipos de plástico.

A equipa da Universidade de Portsmouth já conseguiu identificar mais de 70 tipos de enzimas que são capazes de reduzir o plástico – incluindo o PET (um tipo de plástico existente nas garrafas de água) – em matéria-prima que pode, depois, ser reutilizada.

“Obviamente que estamos à procura da enzima que seja mais rápida, que decomponha [o poliéster] o mais rapidamente possível”, conta à Reuters Victoria Bemmer, investigadora na CEI.

O processo de reciclagem do poliéster tem duas fases: primeiro é necessário imergir a peça de roupa em nitrogénio líquido até que esta congele; depois tritura-se a peça em pequenas partículas que são colocadas num recipiente biorreator, com água e com as enzimas. É neste recipiente que o material é decomposto em matéria-prima. Este material pode depois ser usado para produzir novas roupas e outros materiais de plástico ou químicos.

Apesar de existirem atualmente alguns processos de reciclagem de roupas e tecidos, estes envolvem um gasto energético muito elevado, tornando-se dispendiosos e pouco práticos. Por essa razão é que existe um grande quantidade de resíduos na indústria da moda.

“Há uma pressão cada vez maior na indústria da moda para enfrentar os problemas de sustentabilidade nos tecidos usados e por isso uma solução inspirada na natureza para reutilizar polímeros que estão na nossas roupas no final da sua vida poderá ser uma verdadeira viragem”, afirma Pickford.

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