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Dinamarca suspeita que navio russo tenha participado em intrusão de drones

O navio russo Alexander Shabalin, estava, segundo o jornal Ekstra Bladet, em águas internacionais a apenas 12 quilómetros da costa dinamarquesa quando os incidentes, que obrigaram ao encerramento de aeroportos, ocorreram.

Thorkild Fogde (direita).
Emil Helms

SIC Notícias

A polícia dinamarquesa informou, esta quinta-feira, carecer ainda de informações suficientes para determinar a autoria dos incidentes com 'drones' em vários aeroportos, mas confirmou estar a investigar os movimentos de várias embarcações, incluindo um navio de guerra russo.

Numa conferência de imprensa em Copenhaga, quando questionado sobre o papel do navio de guerra russo Alexander Shabalin, o chefe da Polícia Nacional dinamarquesa, Thorkild Fogde, confirmou que um dos primeiros aspetos analisados foram os dados e os movimentos dos navios na costa dinamarquesa.

"E os dados sobre que navios estiveram, onde, de onde vieram, se fazem parte da 'frota fantasma' (as embarcações que a Rússia usa para escapar às sanções), etc., fazem agora parte da investigação", acrescentou.

Fogde acrescentou que as autoridades têm agora uma visão geral "razoavelmente boa" do tráfego de embarcações "amigas e talvez menos amigas" nas águas dinamarquesas.

O navio russo Alexander Shabalin, estava, segundo o jornal Ekstra Bladet, em águas internacionais a apenas 12 quilómetros da costa dinamarquesa quando os incidentes ocorreram.

O chefe da polícia confirmou aos jornalistas que esta é uma das pistas a serem investigadas, mas esclareceu que, neste momento, não há base necessária para abordar embarcações estrangeiras em alto mar, dado que deve haver uma suspeita bem fundamentada.

O chefe do Serviço de Informações de Defesa dinamarquês, Thomas Ahrenkiel, realçou que ainda não existem informações que permitam identificar quem está por detrás dos voos de 'drones' que levaram ao encerramento de vários aeroportos.

"Guerra híbrida" em território dinamarquês

A primeira-ministra Mette Frederiksen declarou, após a conferência de imprensa, que está em curso uma "guerra híbrida" em território dinamarquês.

"Quando se ouve o que os serviços de informações estão a dizer, não é que exista o que chamaríamos de uma ameaça militar imediata à Dinamarca", disse ela ao jornal 'DR'.

"Mas o que estamos a viver atualmente na Dinamarca é uma guerra híbrida. Faz parte de um padrão que também estamos a observar noutros países europeus", enfatizou.

Fredriksen falou esta quinta-feira ao telefone com o secretário-geral da NATO, Mark Rutte, que comunicou que a Aliança Atlântica vai colaborar com a Dinamarca para garantir a segurança do país. 

"Os aliados da NATO e a Dinamarca estão a colaborar para garantir a segurança das nossas infraestruturas críticas", afirmou o ex-primeiro-ministro neerlandês.

O ministro dinamarquês da Justiça, Peter Hummelgaard, disse que "os ataques dos últimos dias fazem parte de uma série de acontecimentos muito preocupantes na Europa".

Segundo Hummelgaard, o objetivo é "provocar o medo" nos países europeus. 

"Novas capacidades devem ser desenvolvidas para detetar e neutralizar os 'drones'. Precisamos de ser melhores do que somos hoje", acrescentou, citado pela imprensa local. 

Episódios dos últimos dias

O Aeroporto de Aalborg, no norte da Dinamarca, foi encerrado na última noite após ser sobrevoado por 'drones', num caso semelhante aos registados na segunda-feira em Copenhaga e Oslo. 

Esta manhã, anunciou a polícia local, voltaram a registar-se sobrevoos de 'drones' aeródromos e instalações militares no país nórdico.

Na Noruega, a polícia apreendeu na quarta-feira um drone operado por um estrangeiro nas imediações do aeroporto internacional de Oslo.

O aparelho estava a ser pilotado numa zona de exclusão aérea, sem impacto no tráfego.

O indivíduo, cuja nacionalidade não foi revelada, não foi detido, mas será interrogado, segundo a polícia. 

Rússia nega responsabilidade

A Rússia tem negado qualquer responsabilidade nas incursões de 'drones', mas a NATO alertou Moscovo na terça-feira que a "escalada" deve parar e assegurou que estava pronta para se defender, por todos os meios.

Os incidentes vão ser discutidos na sexta-feira numa reunião da Comissão Europeia com países da União Europeia (UE) na linha da frente na guerra da Ucrânia, anunciou hoje a porta-voz para a Soberania Tecnológica, Thomas Regnier.

Participam na reunião os sete países na linha da frente - Estónia, Letónia, Lituânia, Polónia, Finlândia, Roménia e Bulgária -, bem como Eslováquia, Dinamarca e Ucrânia pela experiência prática contra 'drones' russos.

Também este mês, a Polónia, a Roménia e a Estónia denunciaram a violação do seu espaço aéreo por aeronaves russas. 

Na noite de 09 para 10 de setembro, cerca de 12 'drones' entraram no espaço aéreo da Polónia e aviões de combate abateram três deles, no primeiro evento incidente deste género na história da Aliança (NATO) desde a sua criação, em 1949. 

Com Lusa

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