Mundo

Milhares protestam contra corrupção em projetos anti-cheias nas Filipinas

Está a gerar indignação o facto de projetos multimilionários de controlo de cheias nunca terem sido concluídos ou se revelarem de baixa qualidade.

SIC Notícias

Lusa

Milhares de pessoas reuniram-se este domingo na capital das Filipinas, Manila, em protesto contra a corrupção, quando decorrem investigações a projetos milionários de controlo de cheias que nunca foram concluídos ou são de baixa qualidade.

Cerca de 13 mil pessoas reuniram-se esta manhã no Parque Luneta.

"Se há orçamento para projetos-fantasma, porque é que não há orçamento para o setor da saúde?", questionou Aly Villahermosa, uma estudante de enfermagem de 23 anos que classificou o desvio de fundos públicos como "verdadeiramente vergonhoso".

Teddy Casino, presidente da Bagong Alyansang Makabayan, uma aliança de organizações de esquerda, exigiu a devolução dos fundos e que os responsáveis sejam condenados a penas de prisão.

"As pessoas estão a sair à rua e a expressar a sua indignação na esperança de pressionar o governo a fazer realmente o seu trabalho", explicou.

O Presidente Ferdinand Marcos Jr. pediu que os protestos sejam pacíficos.

Espera-se uma multidão ainda maior para o final do dia, numa rua que ficou conhecida pelos protestos que depuseram Ferdinand Marcos, pai do atual presidente, em 1986.

O escândalo já tinha levado milhares de estudantes a manifestarem-se na cidade de Quezon, em 12 de setembro.

Mais de dois mil jovens vestidos de negro protestaram na universidade da cidade de Quezon, de acordo com os dados do conselho estudantil citados pela emissora filipina ABS-CBN.

Os protestos ocorridos nas Filipinas foram organizados numa altura em que se regista indignação no país sobre projetos multimilionários de controlo de cheias, mas que se revelaram inexistentes ou de baixa qualidade.

Ferdinand Marcos Jr. ordenou em agosto uma investigação sobre os projetos.

De acordo com o ministro das Finanças, Ralph Recto, os projectos causaram prejuízos de 1,771 mil milhões de euros ao erário público nos últimos dois anos.

A organização não governamental de defesa do ambiente Greenpeace sugeriu um valor próximo dos 15,3 mil milhões de euros.

Marcos criou um órgão independente para rever os contratos atribuídos pelo Departamento de Obras Públicas e Estradas das Filipinas.

O Senado, a câmara alta do parlamento filipino, está também a conduzir uma investigação sobre o assunto, marcada por alegações de corrupção contra dois senadores.

As cheias são um fenómeno frequente nas Filipinas, sobretudo devido aos tufões, fenómenos meteorológicos recorrentes durante o verão e o outono, quando as águas quentes do oceano Pacífico levam à formação de ciclones.

Últimas