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Pausa nas tarifas com a China: "Trump tenta reduzir a dívida americana de forma atabalhoada e espalhafatosa"

Maria João Tomás analisa a trégua anunciada por Donald Trump na guerra de tarifas com a China. A comentadora da SIC sublinha que esta escalada comercial se tornava insustentável para os Estados Unidos, cuja dívida pública representa um problema estrutural grave.

Maria João Tomás

A pausa de 90 dias na guerra de tarifas entre os Estados Unidos e a China, anunciada por Donald Trump, já teve um impacto imediato nos mercados, com as bolsas a subir. Mas, segundo a comentadora da SIC Maria João Tomás, este é apenas o começo de uma longa maratona com consequências económicas e geopolíticas de grande alcance.

"O primeiro efeito é imediato: as bolsas sobem e disparam”, Maria João Tomás sublinha que esta escalada comercial se tornava insustentável para os Estados Unidos, cuja dívida pública representa um problema estrutural grave.

"Esta guerra era insustentável para os Estados Unidos. Os Estados Unidos estão com um problema grave de dívida e isto é o que o Trump está a fazer, desta forma atabalhoada e desta forma espalhafatosa, é conseguir, de alguma forma, um dos objetivos é reduzir a dívida americana".

Reduzir a dívida é um objetivo a longo prazo, não é uma corrida de curto prazo. "É uma corrida longa, porque isto não se faz de um dia para o outro, porque a dívida é muito alta e quem tem uma parte da dívida americana é a China, que com isto já começou a ameaçar".

Segundo Maria João Tomás, a China, que "nunca revela aquilo que está a fazer, só revela depois de estar feito”, começou a vender dívida americana, um movimento com impacto imediato na capacidade dos EUA se financiarem: “Fica mais caro comprar títulos de dívida americana, o que vai piorar ainda mais a situação”.

“Providência divina na Capela Sistina”

Outro dos pontos quentes da semana é a possibilidade de negociações de paz entre a Ucrânia e a Rússia, com a Turquia como palco. Maria João Tomás vê no convite de Istambul um claro movimento estratégico de Erdogan: “A Turquia está a posicionar-se como uma potência regional”.

O encontro, se vier a concretizar-se, muito bom que aconteça e que venha a acontecer na quinta-feira. mostra uma certa pressão internacional, e sobretudo uma pressão de Trump junto de Putin para que as negociações aconteçam".

Maria João Tomás recorda ainda um momento simbólico entre Donald Trump e Volodymyr Zelensky.

“Eu não sei o que é que aconteceu na Capela Sistina. Eu só sei que ali houve providência divina, de certeza, para que aqueles dois se entendessem”.
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